
A retirada de diplomatas, outros estrangeiros e afegãos que trabalharam para as potências internacionais prosseguia nesta quarta-feira (18) em condições difíceis em Cabul, após a tomada de poder no Afeganistão pelos talibãs.
Uma gigantesca ponte aérea começou no domingo (15) com aviões procedentes de diversos países. Milhares de pessoas seguiram para o aeroporto para tentar fugir do país, enquanto os arredores são controlados pelos insurgentes.
O Exército dos Estados Unidos já retirou, em aviões militares, mais de 3,2 mil pessoas do Afeganistão, sobretudo, funcionários americanos, informou a Casa Branca. Além disso, quase 2 mil refugiados afegãos viajaram para os Estados Unidos.
Washington prevê retirar mais de 30 mil pessoas pela ponte aérea entre Cabul e suas bases no Kuwait e Catar.
O Reino Unido, por sua vez, repatriou 306 britânicos e 2.052 afegãos "em total segurança", anunciou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na quarta-feira.
A Alemanha já retirou 500 pessoas, segundo o Ministério das Relações Exteriores: 189 alemães, 202 afegãos, 59 cidadãos da União Europeia (UE) e 51 de outros países.
Com a ajuda do Uzbequistão, os desabrigados fazem escala em Tashkent, antes de serem repatriados. Um primeiro voo, que decolou de Cabul para Tashkent com 131 passageiros, pousou em Frankfurt na terça-feira (17).
Berlim aprovou na quarta-feira o envio de 600 soldados a Cabul para apoiar a evacuação do "maior número possível de pessoas" até 30 de setembro, no máximo.
A Alemanha acusa os talibãs de obstruírem os acessos ao aeroporto de Cabul para evitar a saída de afegãos. De acordo com a chanceler Angela Merkel, quase 10 mil colaboraram com o Exército alemão, ou com ONGs, mais os integrantes de suas famílias, que devem ser retirados do país.
Áustria e Romênia também informaram que seus cidadãos e afegãos que pretendem deixar o país encontram dificuldades para chegar ao aeroporto.
Repatriações
Grande parte das pessoas que se refugiavam na embaixada francesa em Cabul encontram-se agora em local seguro, após a evacuação na noite de terça para quarta-feira de 216 pessoas pelo exército francês para Paris.
O grupo é formado por 184 afegãos "da sociedade civil que solicitam proteção", 25 franceses, quatro holandeses, um irlandês e dois quenianos. Na terça-feira, 41 franceses e estrangeiros já foram evacuados da mesma forma.
A Espanha iniciou uma primeira série de rotações com três aeronaves militares, por meio de Dubai. O primeiro decolou de Cabul na quarta-feira para trazer um grupo de colaboradores espanhóis e afegãos a esta cidade.
Os primeiros holandeses também foram retirados nesta quarta-feira. Alguns, que deveriam partir no primeiro de dois aviões, não chegaram a tempo, principalmente por causa do bloqueio dos soldados norte-americanos.
Ainda assim, uma aeronave deixou Cabul para a capital georgiana com cerca de 35 holandeses e cidadãos belgas, alemães e britânicos, de acordo com o Ministério da Defesa holandês.
A Polônia transferiu 50 pessoas para o Uzbequistão, de onde um avião civil deveria repatriá-los. Segundo o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia (UE) pediram a Varsóvia o repatriamento de alguns dos seus trabalhadores.
Na Itália, 86 pessoas desembarcaram em Roma a bordo de um avião militar: italianos, afegãos e suas famílias e membros da Otan e da UE, segundo o Ministério das Relações Exteriores.
Dinamarca, Noruega, Turquía e outros países
Outras 84 pessoas, a maioria afegãos, deixaram Cabul em direção à Copenhague, anunciou a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.
A Noruega repatriou 14 noruegueses e se prepara para a retirada do pessoal afegão e suas famílias, mas "isso pode levar tempo" porque a situação é "muito difícil", segundo sua chanceler, Ine Marie Eriksen Soreide.
A Turquia, que já repatriou 324 de seus cidadãos na segunda-feira, transportou "mais de 200" a bordo de um avião militar nesta quarta, anunciou a agência oficial Anadolu.
O Cazaquistão evacuou 42 pessoas. tras retiradas já ocorreram no fim de semana para República Tcheca, Suíça, Macedônia do Norte, Albânia e Kosovo.