O presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, aproveitou nesta quarta-feira (21) o fórum semivirtual da Cúpula Ibero-americana para se defender das acusações de narcotráfico em um tribunal de Nova York.
"Ultimamente viram-se situações perversas nas quais criminosos confessos são apresentados nos tribunais de um país parceiro [Estados Unidos], com testemunhos obviamente falsos", disse Hernández, durante sua participação por teleconferência na cúpula, celebrada em Andorra.
O chefe de Estado foi apontado recentemente em uma corte de Manhattan por conspiração para levar cocaína aos Estados Unidos juntamente com o irmão caçula, Juan Antonio "Tony" Hernández. No entanto, não foi aberto ainda um processo contra ele.
O irmão do presidente, de 42 anos, foi capturado em novembro de 2018 em Miami e sentenciado em 30 de março à prisão perpétua, após ter sido considerado culpado de introduzir 185.000 quilos de cocaína nos Estados Unidos entre 2004 e 2016.
Durante o julgamento realizado pela promotoria com testemunhos de ex-chefões do narcotráfico, o promotor Jacob Gutwillig disse ao júri que o presidente hondurenho e um dos narcotraficantes apresentados na corte, Geovanny Fuentes, "planejaram enviar tanta cocaína aos Estados Unidos quanto pudessem", com ajuda de instituições do Estado.
Hernández disse nesta quarta-feira que "se os narcotraficantes, ao invés de sofrerem penas adicionais por mentir nos processos judiciais recebem benefícios de penas reduzidas e outros privilégios neste sistema, poderia-se induzir um colapso silencioso na forma de cooperação na luta contra o crime organizado".
O chefe de Estado disse anteriormente que seu irmão foi sentenciado com base em testemunhos falsos de chefões do tráfico que agem por vingança por terem sido extraditados.
O presidente garante ter em seu poder gravações da agência americana de combate às drogas (DEA) de 2013, nas quais os narcotraficantes que hoje o acusam asseguram que não conseguiam negociar com ele.
"Seu perjúrio fica exposto e é refutado por gravações secretas das autoridades do mesmo país", disse Hernández a chefes de Estado ibero-americanos.
* AFP