O novo governo unificado da Líbia pediu nesta quinta-feira (25) a retirada "imediata" de todos os mercenários presentes no país, palco de caos há uma década, mas que iniciou um processo de pacificação sob mediação da ONU.
Este pedido foi emitido durante uma visita surpresa a Trípoli dos chefes da diplomacia da França, Alemanha e Itália, num gesto europeu de apoio e unidade diante dos recentes avanços políticos no país do Magrebe.
Presa em divisões entre duas frentes e várias facções - após a queda do regime de Muammar Khadafi em 2011 - a Líbia acaba de nomear, após um processo patrocinado pela ONU, um governo unificado, responsável por administrar a transição para eleições nacionais previstas para o fim de dezembro.
E, enquanto o conflito na Líbia tem sido, em grande parte, alimentado por potências externas, a questão dos soldados e mercenários estrangeiros - ainda eram 20.000 em dezembro de acordo com a ONU - parece ser central.
"Reiteramos a necessidade de que todos os mercenários da Líbia se retirem imediatamente", disse a ministra das Relações Exteriores, Najla al-Mangush, em coletiva de imprensa em Tripoli, acompanhada pelos seus homólogos francês, alemão e italiano.
"A saída dos mercenários" vinculada com a presença de forças estrangeiras neste conflito, "é essencial para que o Estado líbio afirme sua soberania", disse o ministro francês, Jean-Yves Le Drian.
Na véspera, como parte de um relatório apresentado ao Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse estar "profundamente preocupado" com o fato de "elementos estrangeiros" continuarem ativos na Líbia.
Esse informe também indicou uma pequena redução, ainda que insuficiente. A ONU estimou em dezembro que cerca de 20.000 soldados e mercenários estrangeiros estavam ativos na Líbia.
Sobre essa questão, uma fonte diplomática francesa indicou que os mercenários sírios espalhados pela Turquia estavam começando a se retirar.
No Cairo, onde acolheu ao presidente do Conselho Presidencial líbio, Mohamed Al Manfi, o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, também pediu pela "retirada".
Quando poderes rivais surgiram, a Turquia apoiou ativamente o ex-governo de unidade (GNA), com sede em Trípoli, reconhecido pela ONU e pela comunidade internacional em sua maior parte.
Contra ele, uma frente estabelecida no leste do país, liderada pelo chefe militar marechal Khalifa Haftar, teve o apoio dos Emirados, Rússia e Egito.
Nesse contexto, entre os atores externos figuravam mercenários do grupo privado russo Wagner, chadianos, sudaneses e sírios, mas também soldados turcos ao abrigo de um acordo bilateral celebrado com o anterior governo de Trípoli.
* AFP