Milhares de manifestantes acenderam velas e gritaram frases a favor da democracia nesta quinta-feira (4), em Hong Kong, desafiando a proibição de uma vigília em memória das vítimas da repressão da Praça Tiananmen, em um momento de grande tensão sobre a influência de Pequim na ex-colônia britânica.
Pela primeira vez em três décadas, este ano, a polícia não autorizou a vigília tradicional, alegando os riscos oferecidos pela covid-19. Contudo, vários manifestantes retiraram as barreiras que haviam sido instaladas ao redor do parque Victoria e uma multidão conseguiu entrar no local com velas nas mãos.
— Há 30 anos que venho para a vigília em memória das vítimas da repressão de 4 de junho, mas este ano tem uma importância ainda maior. Porque Hong Kong vive o mesmo tipo de repressão executado pelo mesmo regime, como o que aconteceu em Pequim. Não temos armas. Tudo que podemos fazer é falar — declarou um homem que se identificou apenas como Yip, de 74 anos.
Pouco depois, a polícia anunciou a detenção de vários manifestantes no distrito comercial de Mongkok, mas permitiu que o protesto continuasse no parque Victoria. A vigília é organizada todos os anos na ex-colônia britânica e atrai muitas pessoas para recordar a violenta repressão do Exército chinês na madrugada de 4 de junho de 1989, nas imediações da famosa praça de Pequim.
A repressão deixou entre centenas e mais de mil mortos, de acordo com diferentes fontes, e acabou com sete semanas de manifestações de estudantes e trabalhadores que criticavam a corrupção e pediam democracia.
Na China, o tema é um tabu. Hong Kong é o único lugar no país que recorda o fato a cada ano, o que reflete as liberdades únicas que existem no território semiautônomo.