
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, negou que irá retirar suas tropas do Iraque. Ele disse a jornalistas no Pentágono que não nenhuma decisão a respeito disso foi tomada.
Mais cedo, uma carta atribuída à coalizão liderada pelos Estados Unidos e enviada ao comando militar iraquiano nesta segunda-feira (6) informou que tropas americanas serão reposicionadas no país nos próximos dias e semanas.
— Estamos tentando descobrir de onde isso vem, o que é isso. Mas não tomamos nenhuma decisão para deixar o Iraque. Ponto — afirmou.
— A carta é inconsistente com o ponto em que estamos agora — acrescentou Esper.
A carta enviada nesta segunda-feira (6) teria sido assinada pelo general William H. Seely. Sua autenticidade foi confirmada por dois comandantes militares, um americano e outro iraniano.
"Senhor, em deferência à soberania da República do Iraque, e conforme solicitado pelo Parlamento do Iraque e pelo Primeiro Ministro, o CJTF-OIR estará reposicionando forças ao longo dos próximos dias e semanas para se preparar para os movimentos a seguir", diz um trecho da carta, que a agência AFP teve acesso.
No domingo (5), o parlamento iraquiano aprovou moção para exigir que o governo expulse as tropas estrangeiras do Iraque. A medida ocorreu após o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani e de Abu Mehdi al Muhanids, número dois da coalizão paramilitar pró-iraniana Hashd Al Shaabi na quinta-feira (2) em Bagdá.
"Por respeito à soberania da República do Iraque e segundo o reivindicado pelo parlamento e o primeiro-ministro, a Coalizão reorganizará suas forças (...) para se assegurar de que a retirada do Iraque se realize de forma segura e eficaz", diz a carta.
No âmbito dos preparativos da retirada, a carta anuncia "um aumento dos deslocamentos de helicóptero sobre a Zona Verde e em suas imediações [...] durante a noite". Segundo jornalistas da AFP, o tráfego de helicópteros tem aumentado em Bagdá nas últimas noites.
Os Estados Unidos tinham 5,2 mil soldados deslocados no Iraque antes de, na semana passada, chegarem mais centenas para proteger a embaixada — atacada na terça-feira (31) por manifestantes pró-Irã.
Diante do aumento das tensões, Washington anunciou na sexta-feira (3) o envio de 3 mil a 3,5 mil soldados suplementares para a região, "muito provavelmente" destinando parte deles ao Iraque, segundo uma autoridade americana.
Nesta segunda, o premiê iraquiano, Adel Abdel Mahdi — que apresentou sua demissão há meses — recebeu o embaixador americano Matthew Tueller. Mahdi insistiu na "necessidade de trabalhar juntos para retirar as forças estrangeiras do Iraque, como pediu o parlamento", destacou seu gabinete.
A coalizão antijihadista formada para combater o grupo Estado Islâmico (EI), que em 2014 apoderou-se de um terço do território iraquiano e extensos pedaços da Síria, não reagiu imediatamente ao anúncio. Não está claro se estas mobilizações de tropas vão envolver o conjunto dos soldados dos 76 países-membros da coalizão.