O movimento de protesto argelino, o "Hirak", volta às ruas nesta sexta-feira em Argel para buscar uma "nova independência", em sua manifestação semanal contra o regime, que coincide com o 65º aniversário da explosão da guerra contra a colonização francesa.
Nos últimos dias as redes sociais foram dominadas por frases como "Invadamos a capital" ou "Hirak 1º de novembro", para convocar os argelinos à seguir até a cidade de Argel, onde a cada semana, desde 22 de fevereiro, são organizadas manifestações.
No dia 1 de novembro de 1954, a recém-criada Frente de Libertação Nacional (FLN) iniciou a "Revolução argelina" e a luta armada pela independência, com uma série de atentados simultâneos.
Este dia, a "Festa da Revolução", é feriado na Argélia.
Na quinta-feira à noite, os manifestantes começaram a se reunir no centro Argel, mas foram dispersados pela polícia, que efetuou várias detenções, de acordo com a imprensa.
Durante a madrugada, os acessos à capital registravam engarrafamentos consideráveis, atribuídos ao fluxo de manifestantes de diferentes províncias, mas também às muitas barreiras da polícia.
"Muitos manifestantes chegam a Argel. Chegam por estrada, por ferrovias, pelo aeroporto de Argel e inclusive a pé", informa o site Interlignes.
Há vários dias, "panfletos digitais" circulam nas redes sociais e pedem uma grande manifestação, comparando 1º de novembro de 1954 e 1º de novembro de 2019.
Desde o início de abril, quando conseguiu a renúncia do presidente Abdelaziz Buteflika, o "Hirak" exige o desmantelamento do "sistema" que está no poder desde 1962.
O movimento rejeita as eleições presidenciais planejadas para 12 de dezembro para escolher um sucessor de Buteflika por considerar que o processo busca regenerar o "sistema".
As autoridades negam e tentam minimizar o alcance do movimento.
Na quarta-feira, o general Ahmed Gaïd Salah, comandante do Estado-Maior do Exército e que está no comando do país desde a renúncia de Buteflika, disse que a eleição presidencial tem a "adesão total" dos cidadãos. Uma declaração contestada pelos protestos nas ruas.
* AFP