Um grupo de paramilitares estava envolvido na violenta dispersão de um protesto em Cartum em 3 de junho, embora não tenham recebido uma ordem de seus superiores, declarou neste sábado um investigador.
"Eles desobedeceram as ordens", declarou à imprensa Fatah al-Rahman Saeed, que lidera o comitê encarregado de investigar a violenta repressão de um protesto pacífico que pedia um governo civil.
De acordo com Saeed, um general das paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF) ordenou a um coronel dispersar o protesto em frente ao quartel-general do Exército - uma ação que deixou mais de 100 mortos, segundo o movimento que organiza as manifestações.
"Eles dirigiram as forças (RSF) (...) para dentro da área do protesto sentado e orderam que descessem de seus carros e atacaram os manifestantes", disse Saeed.
A crise no Sudão começou com protestos sem precedentes em 19 de dezembro de 2018 por causa de um enorme aumento no preço do pão, que triplicou.
O movimento de protesto rapidamente se tornou uma contestação ao poder, o que levou ao impeachment e prisão do presidente Omar Al Bashir.
Apesar da queda de Al Bashir, após cerca de três décadas no poder, o protesto continuou com manifestações pacíficas em frente ao quartel-general do Exército, que exigiu que o Conselho Militar de Transição que substituiu o presidente transferisse o governo para os civis.
* AFP