A polícia argelina prendeu dezenas de pessoas nesta sexta-feira de manhã (24), perto da Praça dos Correios em Argel, onde começou a manifestação na 14ª sexta-feira de protestos para exigir a renúncia de várias figuras do regime e a suspensão das eleições presidenciais previstas para 4 de julho.
As detenções e a mobilização policial no centro da capital argelina, maior do que nas sexta-feiras anteriores, não impediram que centenas de pessoas protestassem nos arredores da Praça dos Correios e pelas ruas do centro da cidade, após o final da oração muçulmana de sexta-feira no início da tarde.
"Vi que a polícia chamava a atenção de todos aqueles que levavam cartazes", disse à AFP Mehenna Abdeslam, uma manifestante que trabalha como professora na Universidade de Bab Ezzuar, em Argel. "Não vamos parar" de protestar, completou.
Um jornalista da AFP presenciou a detenção de uma mulher na parte da manhã.
Uma fila de carros da polícia e um cordão de isolamento de agentes do Batalhão de Choque impediram os manifestantes de se aproximarem da Praça dos Correios, onde fica um emblemático edifício de Argel e epicentro, desde 22 de fevereiro, de um grande movimento de contestação contra o governo.
Depois de os manifestantes se apropriarem deste "território" simbólico para os protestos, a escadaria do prédio dos Correios foi ocupada por barreiras de contenção ao longo da semana - oficialmente por motivos de segurança.
Os manifestantes continuam exigindo o desmantelamento do "sistema" que governa o país há décadas e a destituição de seus principais dirigentes, como o presidente interino Abdelkader Bensalah, ou o primeiro-ministro Nureddin Bedui e o general Gaid Salah. Todos eles são fiéis ao presidente destituído Abdelaziz Buteflika.
O governo convocou eleições para 4 de julho para escolher o sucesso de Buteflika.
* AFP