O partido Reunião Nacional Democrática (RND), principal aliado da Frente de Libertação Nacional (FLN) de Abdelaziz Buteflika, pediu nesta quarta-feira a renúncia do presidente argelino, gravemente doente e criticado por diversas manifestações da população, um dia depois de um pedido similar anunciado pelas Forças Armadas.
"O RND recomenda a renúncia do presidente da República com o objetivo de facilitar o período de transição", afirma um comunicado assinado pelo secretário-geral do partido, o ex-primeiro-ministro Ahmed Uyahhia.
Uyahia foi quatro vezes primeiro-ministro, três delas sob a presidência de Buteflika, de quem foi chefe de gabinete de maio de 2014 até agosto de 2017.
Em 16 de agosto de 2017 foi nomeado primeiro-ministro e no dia 11 de março de 2019 destituído.
O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas da Argélia, Ahmed Gaid Salah, nomeado por Buteflika em 2004, propôs na terça-feira que o presidente seja declarado "incapacitado" para exercer o poder.
Salah, considerado um homem leal a Buteflika, propôs em um discurso a aplicação do artigo 102 da Constituição argelina, que organiza a vacância de poder em caso de renúncia do chefe de Estado ou incapacidade para seguir cumprindo com suas funções em caso de doença grave e duradoura.
O artigo prevê que o Parlamento, sob proposta do Conselho Constitucional "reunido como de direito", declara por maioria de dois terços "o estado de incapacidade quando o presidente da República, devido a doença grave e duradoura, se encontra na total impossibilidade de exercer suas funções".
Buteflika, de 82 anos, sofreu um derrame em 2013, e o anúncio de que ele estava concorrendo à reeleição pela quinta vez consecutiva provocou uma crise política e manifestações quase diárias, a tal ponto que ele teve que desistir de seu propósito.
No entanto, o governo anunciou que as eleições foram suspensas indefinidamente, o que não apaziguou as ruas.
* AFP