Quando descoberto em novembro pelo astrônomo amador Terry Lovejoy, que tem por hobby esquadrinhar o céu da Austrália com seu telescópio acoplado a uma câmera digital comum, o cometa C/2011 W3, chamado de Lovejoy em homenagem ao seu descobridor, foi enquadrado na seleta categoria dos corpos celestes suicidas.
O pedaço de gelo e poeira que viaja pelo espaço a milhares de quilômetros por hora recebeu a classificação de "Cometa de Kreutz", família de bólidos que, pela natureza de sua órbita, não costumam sobreviver à passagem pelas cercanias da atmosfera do Sol, fragmentando-se e se extinguindo ao se aproximar da estrela e do calor por ela emanado.
Era unanimidade, entre os especialistas, que esta seria a última viagem do cometa, um voo de camicase rumo à morte certa na vizinhança da coroa solar. Por isso, os astrônomos se surpreenderam quando, em meados de dezembro, o Lovejoy foi avistado e fotografado novamente, são e salvo depois de completar o giro em torno da fornalha ardente que, segundo consenso, deveria tê-lo matado.
No silêncio da madrugada, diversos astrônomos profissionais e amadores apontaram para o céu os seus telescópios e puderam ver, entre milhares e milhares de estrelas, a longa cauda do cometa. Com suas câmeras, registraram a segunda passagem do Lovejoy, cujas fotos se multiplicaram em sites de amantes de astronomia.
Dificilmente visível a olho nu, o C/2011 W3 Lovejoy se revela às câmeras dos seus observadores do Hemisfério Sul nas últimas horas da madrugada, um pouco antes do alvorecer.
Astrônomos projetam que, com alguma sorte e muita perspicácia, será possível, por mais alguns dias, fotografar o corpo celeste até que ele mergulhe nas profundezas do espaço, de onde, um dia, emergirá em um novo desafio ao poder do Sol e das leis do Universo.
Um sobrevivente do espaço
Cometa surpreende astrônomos ao resistir à passagem pela vizinhança do Sol
O Lovejoy, que deveria ter se desintegrado ao circunavegar a coroa solar, é visto novamente no céu
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