O laudo da perícia realizada no parque de diversões Top Park, em Imbé, na manhã desta quarta-feira (9), após o acidente na montanha-russa que deixou quatro pessoas feridas, pode ficar pronto em um prazo de 30 dias, segundo o delegado Antônio Carlos Ractz Jr. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ele informou que a Polícia Civil pretende colher depoimentos de funcionários e do proprietário do empreendimento para identificar o responsável pelas lesões corporais culposas, quando não há intenção.
— Nesta madrugada, comparecemos ao local, providenciamos o isolamento e, de manhã, tivemos a perícia do Instituto-Geral de Perícias (IGP), em que foi realmente constatada uma falha no carrinho. O inquérito policial busca apurar se o responsável agiu com culpa, então aguardamos esse laudo do IGP e vamos colher depoimentos — afirmou.
De acordo com a Polícia Civil, o acidente ocorreu por volta das 23h de terça-feira (8), quando um carrinho de montanha-russa — onde estavam um homem, duas mulheres e uma criança de nove anos, todos da mesma família — descarrilou e caiu do brinquedo. Três das vítimas já receberam alta — apenas a consultora de sistemas Eliandra de Vargas Machado, 25 anos, segue internada. Ela está em estado estável e foi transferida para o Hospital Divina Providência, em Porto Alegre, onde “passa por avaliação especializada e exames diagnósticos”, conforme a instituição de saúde.
Um outro familiar das vítimas, que também estava no parque, mas não se feriu, foi ouvido pela polícia na tarde desta quarta. Dois funcionários do parque foram conduzidos à delegacia durante a madrugada, acompanhados do advogado do Top Park, Vinicius Nascimento, mas se recusaram a depor naquele momento, disse Ractz Jr.
O delegado também destacou que o município de Imbé já apresentou documentos do parque de diversões, que mostram que todos os brinquedos estavam em dia. Mesmo assim, o empreendimento foi interditado pela Polícia Civil e pelo Corpo de Bombeiros Militar após a perícia — e assim permanecerá até que uma nova documentação emitida a partir desta quarta-feira ateste que todos os brinquedos estão liberados para uso.
— Esse fato poderia ter sido pior, temos uma paciente em um estado mais delicado, mas, em casos anteriores, em que houve um descarrilamento do carrinho, as vítimas foram fatais. Então, não podemos concordar que o parque seja liberado com um acidente naquele brinquedo ou em outra atração. Temos que ter a convicção de que o parque conta com a segurança necessária para receber os frequentadores, essa é a nossa preocupação — disse o delegado.
Segundo Nascimento, o empreendimento aguardará o resultado da perícia para poder melhor se posicionar junto com os engenheiros do parque. O advogado ressaltou que, neste momento, a empresa está “acompanhando as vítimas e dando todo apoio possível” e que a “documentação exigida pela legislação está em dia, bem como todos laudos, que se encontram com os órgãos públicos responsáveis”.
Investigação
Questionado sobre como o acidente pode ser enquadrado, o delegado Antônio Carlos Ractz Jr. informou que, até o momento, está tratando o caso como lesões corporais culposas, quando não há intenção. No entanto, ressaltou que, quando se apura um crime culposo, não se descarta a possibilidade de um dolo eventual — quando se assume o risco:
— Vamos supor que tenha havido negligência na manutenção do equipamento, que é o que eu acredito e o que deu para ver juntamente com os peritos, já que um dos dispositivos não funcionou, aquele que impediria o carrinho de descer. Então, isso não se descarta, mas depende do laudo pericial.
O delegado disse ainda que a montanha-russa é um brinquedo terceirizado, ou seja, que possui um contrato de locação. Por isso, também será necessário averiguar com os proprietários quem é o responsável pela manutenção — mesmo que a responsabilidade maior seja do parque, que estava operando o brinquedo. Durante a investigação, será verificado com que frequência a manutenção do equipamento era feita e quem foi o engenheiro que atestou que ele estava em condições de operar.