Após um ano e nove meses suspensas, as viagens internacionais de ônibus para Argentina e Uruguai serão retomadas nos próximos dias. O governo uruguaio deu aval às empresas para retomar as operações a partir do domingo (26). Já no caso da Argentina, isso deve ocorrer entre segunda (27) e terça-feira (28). As companhias já estão oferecendo passagens em seus sites.
Por tratarem-se de linhas bilaterais (com ida e volta), era necessário que todas as fronteiras terrestres fossem abertas, tanto para entrar como para sair do Brasil, para dar prosseguimento ao processo de retorno desses serviços. Isso aconteceu no dia 11 de dezembro, com a liberação das passagens do Rio Grande do Sul para os territórios fronteiriços.
Desde então, começou um processo de negociações com as autoridades argentinas, uruguaias e brasileiras para alinhas as regras que permitissem as operações. Para ingressar no Brasil, é necessário portar documento que comprove a vacinação contra a covid-19 e carteira de identidade emitida há no máximo 10 anos, ambas impressas. Todos os viajantes também devem apresentar teste negativo no momento do embarque.
Ao entrar em terras uruguaias e argentinas, além do comprovante vacinal e da identidade, é necessário portar teste RT-PCR negativo feito até 72 horas antes de entrar no país, uma declaração juramentada com atenção à data de ingresso, e seguro de viagem.
Sem realizar viagens desde março do ano passado, algumas companhias tiveram que demitir dezenas de funcionários. Parte dos empresários estima que, com as restrições provocadas pela pandemia, houve um prejuízo superior a R$ 4,5 milhões
A empresa TTL, que faz rotas entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai, esperava a retomada ainda antes do Natal. O único período em que os ônibus saíram das garagens foi em novembro desse ano, durante dez dias em que foi autorizado o transporte de torcedores para acompanhar as finais da copa Sul-Americana, entre Athletico Paranaense e Bragantino, e da Libertadores, entre Palmeiras e Flamengo, ambas realizadas em Montevidéu.
Conforme o diretor operacional e comercial da TTL, Rafael Erthal, inicialmente, havia uma expectativa de que o trajeto fosse mantido após o esquema especial montado para as competições esportivas.
— Havíamos feito todo um trabalho para retomar nossas operações, isso demanda um custo. Mas, depois, ficamos mais um mês parados e isso prejudicou ainda mais nossa situação — afirma Erthal, que aposta na alta temporada para recuperar o prejuízo.
Já a empresa JBL, que faz rotas de São Paulo e Rio de Janeiro até Argentina e Chile, chegou a transportar passageiros até a fronteira durante a pandemia. Pessoas que conseguiam autorização do consulado argentino podiam se deslocar até Uruguaiana, atravessavam a fronteira a pé e embarcavam em um outro ônibus, já em terras argentinas. Apesar disso, a companhia calcula perdas de 90 a 95% durante 2020 e 2021.
Sócio da JBL, João Batista Lissot ainda vê com insegurança o processo de retomada, pois não há como prever se haverá demanda de passageiros em um primeiro momento. Se linhas como São Paulo-Buenos Aires irão retornar ainda nesse ano, a previsão é que a rota até Santiago volte apenas em janeiro, já que ainda não há uma autorização por parte do governo chileno.
— Nós ainda não sabemos como vai funcionar. Para realizar viagens longas como as nossas, é preciso ter garantia de retorno por parte dos usuários, mas ainda é incerto se isso irá acontecer. Caso contrário, seria melhor não retornar as operações.
Passaporte vacinal
Conforme a portaria 633 do Ministério da Saúde, passageiros que forem embarcar em viagens internacionais devem apresentar, com até duas horas de antecedência, o passaporte de vacinação. Com isso, é de responsabilidade das empresas que todos estejam em conformidade com as regras nacionais.
Além disso, o documento que confirma a imunização comas duas doses devem ser mostradas nos pontos de controle migratório, ao entrar em território brasileiro.
