Presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Flávio Silva chegava em casa por volta das 18h30min desta terça-feira (14) quando foi avisado que os quatro réus condenados pelo incêndio da boate Kiss seriam presos.
Tão logo encerrou o telefonema, ele percebeu que havia recebido mensagens enviadas pelos promotores do Ministério Público também comunicando a decisão do Supremo Tribunal Federal, publicada instantes antes. De volta a Santa Maria após passar mais de 10 dias em Porto Alegre, acompanhando o julgamento e seus desdobramentos, Flávio recebeu a notícia com tranquilidade.
— A gente já esperava que fosse acontecer. Mais cedo ou mais tarde eles teriam que começar a cumprir a pena, afinal foram condenados por dolo. A gente não vê motivo para esse habeas corpus que havia relaxado a prisão — sintetiza o pai de Andrielle Righi da Silva, que morreu aos 22 anos durante o incêndio.
O presidente diz não se sentir aliviado e demonstra preocupação com o julgamento do mérito do hábeas, quinta-feira (16), na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. Flávio revela desconforto com afirmações ouvidas durante a sessão do tribunal do júri, segundo as quais as famílias das vítimas queriam vingança.
— Não sinto alívio, mas sim uma sensação de que a justiça será feita. Agora é ver quando vai se iniciar de fato o cumprimento da pena. Falaram que queríamos vingança. Nada disso. Ficou provado no processo que eles tinham responsabilidade, portanto vão pagar pelos atos deles — conclui.