O sumiço de três cães que viviam no pátio da prefeitura de Capela de Santana, no Vale do Caí, é tratado pela Polícia Civil como “crime de maus-tratos”. Titular da 3ª Delegacia de Novo Hamburgo e responsável pela investigação, o delegado Alexandre Quintão afirma que finalizará dessa forma o inquérito, previsto para ser remetido à Justiça nos próximos dias.
— Vamos ouvir os dois servidores da prefeitura, que estavam dentro do ônibus e já foram identificados, e ouvir também o prefeito, para saber quais providências ele tomou, se sabia do transporte dos animais e quem ordenou — detalha o investigador.
Dois funcionários do executivo foram vistos, transportando um dos cães em um microonibus da Secretaria da Saúde de Capela de Santana. Havia ainda um terceiro participante no crime, ainda não identificado, segundo a polícia, e ele também será indicado, no mesmo artigo. A pena para o crime de maus tratos prevê reclusão de dois a cinco anos.
Até o momento, doze pessoas foram interrogadas. O depoimento do prefeito do município, Alfredo Machado (Progressistas), está marcado para quinta-feira (7).
— Vamos investigar eventual participação do prefeito — complementa o delegado.
A partir do que foi colhido nas oitivas, um dos cachorros foi localizado. “Chocolate” foi abandonado uma estrada no município vizinho de São Sebastião do Caí. Magro, o animal se mostrava debilitado. Foi levado até a ONG Anjos de Quatro Patas, onde segue sob tutela da cuidadora Helena Terezinha Colling, 66 anos.
— Passei a tarde desse domingo procurando os outros — afirma a presidente das entidade.
Bernardão e Quinha seguem desaparecidos desde 21 de setembro, de acordo com o boletim de ocorrência registrado pelo ex-servidor da prefeitura, Marciano Rodrigo Fraga Persson, 37 anos - exonerado dias após efetivar a denúncia.
— Estamos dando R$ 500 para quem localizar e nos entregar os dois cães — promete o autor da denúncia.
No último sábado (2), uma passeata foi realizada pelas ruas de Capela de Santana, cobrando a administração sobre o sumiço das mascotes.
Prefeitura se manifesta em nota
A reportagem de GZH buscou uma resposta do prefeito e de seus assessores, mas não teve seus questionamentos respondidos nos últimos sete dias. No final da manhã desta segunda-feira, a Prefeitura publicou uma nota no Facebook da prefeitura. Assinada pela Assessoria de Imprensa, o documento informa que uma sindicância foi aberta para apurar os fatos, e que espera a conclusão desse processo para “a tomada de eventuais decisões administrativas”.
A nota repercute a mobilização dos moradores: “a municipalidade compreende as manifestações populares e se solidariza com protestos”. No texto, o Executivo Municipal garante ser contra maus tratos dos animais e defende que “se faz necessária a adequada apuração dos fatos, observando a legislação e princípios constitucionais, para que seja possível executar as ações necessárias, observando sempre os direitos e deveres da administração e dos administrados”.
