Estudo publicado nesta terça-feira (12) pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) mostra que o Rio Grande do Sul alcançou expectativa de vida de 76,89 anos, índice equivalente ao anotado pelo Japão em 1980. Na relação nacional, a média gaúcha revelada no exame está pouco acima da brasileira, estimada em 76,3 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No detalhamento do Estado, considerando a divisão do território em 28 áreas dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), os destaques da pesquisa ficaram com as regiões Norte e Nordeste, que registraram taxas superiores a 80 anos, o que equivale ao índice do América do Norte, diz o estudo. As localidades de menor expectativa de vida são Campanha, Sul e Fronteira Oeste, com variações na casa dos 75 anos, dado semelhante à média da América Latina e do Caribe. O estudo se refere ao período entre 2016 e 2018.
Uma das conclusões foi de que as regiões de maior e menor expectativa de vida no Rio Grande do Sul apresentam diferença de cinco anos na longevidade. O número é considerado significativo, diz a responsável pela pesquisa, Marilene Dias Bandeira. É mais um dado a reforçar a estagnação da Metade Sul, já identificada em estudos anteriores.
— Cinco anos é uma disparidade bastante marcante. Contam para isso fatores socioeconômicos como saúde, educação, saneamento básico, estrutura agrícola, concentração de renda e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). São várias dimensões da disparidade que deixam a Metade Sul mais abaixo — diz Marilene.
Nas regiões de menor longevidade, constam cidades referenciais do interior do Rio Grande do Sul, seja pela história ou por características econômicas e culturais, como Pelotas, Rio Grande e Bagé.

Nas duas regiões de maior expectativa de vida, Norte e Nordeste, há uma predominância de pequenos municípios. Com exceção de Erechim, não há outras cidades que sejam referências gaúchas de desenvolvimento econômico e de geração de riquezas.
— A questão econômica é um dos indicadores, mas não o único. Temos a atenção à saúde, por exemplo. Os municípios pequenos conseguem ter maior atenção ao indivíduo, há menos poluição e maior segurança. A concentração de renda também é um item muito importante — diz Marilene.
As argumentações do estudo apontam ainda a mortalidade infantil como importante balizador para as projeções de expectativa de vida. Os resultados atuais, quando comparados com o último levantamento estadual, com dados entre 2010 e 2012, mostram que o tempo médio de vida dos gaúchos aumentou 1,3 ano, de 75,59 para 76,89. Observando por regiões dos Coredes, é possível verificar que todas as 28 áreas obtiveram crescimento da expectativa, ainda que os números mais comedidos tenham sido detectados justamente na Metade Sul, com elevações inferiores a 1% no Centro-Sul, Sul e Campanha. As áreas que mais cresceram em longevidade foram Norte (3,30%), Vale do Caí (3,09%) e Nordeste (3,06%).
— A tendência da expectativa de vida é sempre aumentar, mesmo que seja em menor escala. Isso acontece porque evoluem indicadores como saneamento, medicamentos, investimentos em políticas públicas — explica Marilene.
Porto Alegre é localizada na região do Coredes Metropolitano Delta do Jacuí, cuja taxa de expectativa de vida ficou em 76,37 anos, pouco abaixo da média estadual. Em comparação com o levantamento anterior, a zona da Capital registrou crescimento de 1,80%.
A observação dos dados, mais uma vez, confirmou a distância da expectativa de vida entre homens e mulheres. Considerando o novo estudo da Seplag para a situação do Rio Grande do Sul, a taxa masculina ficou em 73,11 anos, enquanto a feminina, mais alongada, alcançou 80,65. A distância é resultado das mortes por causas violentas que afetam principalmente a porção jovem e masculina da população, como acidentes, homicídios e suicídios.
Coordenadora do estudo, Marilene é integrante da antiga Fundação de Economia e Estatística (FEE), que foi extinta e teve parte das funções absorvidas pela Seplag, na estrutura denominada Departamento de Economia e Estatística (DEE).
OS NÚMEROS DA PESQUISA
Expectativa de vida ao nascer no Rio Grande do Sul por regiões do Coredes
Campanha (Bagé, Caçapava do Sul e Dom Pedrito, entre outros) - 75,08
Sul (Pelotas, Rio Grande e São José do Norte, entre outros) - 75,13
Fronteira-Oeste (Alegrete, São Borja e Uruguaiana, entre outros) - 75,47
Vale do Rio dos Sinos (Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo, entre outros) - 75,58
Jacuí-Centro (Cachoeira do Sul, Cerro Branco e São Sepé, entre outros) - 75,82
Paranhana Encosta da Serra (Igrejinha, Parobé e Taquara, entre outros)- 76,04
Litoral (Capão da Canoa, Torres e Tramandaí, entre outros) - 76,27
Vale do Rio Pardo (Rio Pardo, Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, entre outros) - 76,33
Metropolitano Delta do Jacuí (Porto Alegre, Gravataí e Viamão, entre outros)- 76,37
Alto Jacuí (Cruz Alta, Não-Me-Toque e Tapera, entre outros) - 76,41
Centro-Sul (Barra do Ribeiro, Camaquã e Charqueadas, entre outros) - 76,56
Média do Rio Grande do Sul - 76,89
Alto da Serra do Botucaraí (Soledade, Espumoso e Tio Hugo, entre outros) - 76,96
Produção (Carazinho, Marau e Passo Fundo, entre outros) - 76,99
Campos de Cima da Serra (Bom Jesus, São José dos Ausentes e Vacaria, entre outros) - 77,07
Hortênsias (Canela, Gramado e São Francisco de Paula, entre outros) - 77,37
Missões (Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Miguel das Missões, entre outros)- 77,70
Central (Santa Maria, Agudo e Tupanciretã, entre outros) - 77,70
Médio Alto Uruguai (Frederico Westphalen, Iraí e Nonoai, entre outros) - 78,14
Vale do Caí (Capela de Santana, Feliz e Montenegro, entre outros) - 78,29
Vale do Jaguari (Cacequi, Santiago e São Francisco de Assis, entre outros) - 78,33
Fronteira Noroeste (Horizontina, Santa Rosa e Três de Maio, entre outros) - 78,33
Celeiro (Bom Progresso, Tenente Portela e Três Passos, entre outros) - 78,43
Vale do Taquari (Encantado, Estrela e Lajeado, entre outros) - 78,81
Noroeste Colonial (Ijuí, Jóia e Panambi, entre outros) - 79,09
Rio da Várzea (Palmeira das Missões, Sarandi e Três Palmeiras, entre outros) - 79,23
Serra (Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, entre outros) - 79,40
Nordeste (Lagoa Vermelha, Tapejara e Ibiraiaras, entre outros) - 80,05
Norte (Erechim, Getúlio Vargas e Marcelino Ramos, entre outros) - 80,10