A avó da criança morta a mordidas por um cachorro em Sapiranga, na terça-feira (8), lutou com o animal para salvar o neto, mas foi vencida pela força do rottweiller. Otto Baum Zimmer, de um ano e três meses, foi ferido pelo corpo — no pescoço e na cabeça — até que o cão Thor fosse preso novamente no canil, de onde havia escapado.
Conforme o delegado Clóvis da Silva, Suzana Denise Zimmer, 64 anos, estava nos fundos da casa com o neto no colo quando foram atacados pelo cão, às 16h30min.
— Foi uma fatalidade. O cachorro fugiu e avançou neles. Quando ela conseguiu prendê-lo no canil, pediu socorro — conta o delegado.
Otto foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital de Sapiranga. Os médicos tentaram por meia hora reanimá-lo, sem sucesso.
O menino foi sepultado na manhã desta quarta-feira (9) em Novo Hamburgo, onde mora a mãe dele. Na casa onde foi ferido, moram os avós e o pai.
A diarista dos avós, Margarida dos Santos, contou que Thor transita livremente pelo pátio na maior parte do tempo. Muitas vezes, é ela quem o prende no canil. Faz isso para que as roupas estendidas no varal permaneçam limpas. Ela não sabe, porém, se o cão ficava solto quando o pequeno estava lá. Em geral, Otto ia aos finais de semana, quando Margarida não trabalha na residência.
É uma raça ciumenta, diz especialista
Especialista em comportamento canino, o adestrador Leandro Marchi diz que rottweiler é uma raça de temperamento dominante, utilizada para guarda e proteção. Sua mordedura, de alto impacto, deixa sequelas graves quando não mata. O confinamento em canil, mesmo que esporadicamente, aguça o instinto. O cão tende a ficar mais feroz e raivoso. Outra particularidade do rottweiler é o ciúmes, sentimento muitas vezes potencializado pelo isolamento. Thor atacou o bebê quando ele estava no colo da avó.
Lê Marchi, como é conhecido, não recomenda essa raça para quem tem filho pequeno. Se for inevitável, aconselha que o cão acompanhe a criança desde a gravidez, na barriga da mãe, e participe do seu crescimento, sempre com muita precaução e supervisão de um adulto.
— Eu não confio 100% em nenhum cão, por mais bem adestrado que seja. Até um simples gesto pode despertar a fúria. O cachorro pode estar com alguma dor que o tutor não saiba. Além disso, não é qualquer pessoa que pode ter um rottweiler. Precisa ter pulso firme, se impor — alerta o adestrador com 27 anos de experiência.