O gaúcho Daniel Guerra, 37 anos, foi recebido com festa em Passo Fundo, no norte do Estado, nesta sexta-feira (15), após 18 meses preso em Cabo Verde sob acusação de tráfico internacional de drogas. Ele e os baianos Rodrigo Dantas e Daniel Dantas retornaram ao Brasil na quinta-feira (14), após o primeiro julgamento que condenou o trio e um capitão francês a 10 anos de prisão ser anulado em janeiro deste ano. O grupo responde em liberdade. A mãe do velejador, Fátima Guerra, disse que não consegue descrever a emoção causada pelo retorno do filho.
— Nós estamos naquela alegria aqui. É uma coisa que a gente não tem como especificar em palavras o que estamos sentindo. Só sentindo mesmo — resumiu Fátima.
Antes de desembarcar no Rio Grande do Sul, o rapaz passou por Salvador, na quinta-feira.
— É o melhor dia da minha vida. Depois do nascimento e de curar um câncer, sem dúvidas, é o melhor dia da minha vida é hoje — disse Guerra.
Natural de Passo Fundo, o velejador mora em Florianópolis (SC). Ele pretende seguir mais um tempo em solo gaúcho junto da família antes de retornar para a capital catarinense. Guerra disse que escreveu muito no tempo em que esteve preso em Cabo Verde e que pretende usar esse material para que outras pessoas não passem pelo que ele passou. Agora, Guerra vai buscar a absolvição junto à Justiça de Cabo Verde para realizar um de seus sonhos: dar a volta ao mundo. Em Passo Fundo, aproveita para curtir a liberdade com os amigos e com a família:
— A festa está começando. Uns amigos botaram um chope aqui e um desejo muito grande que eu tinha era tomar um chimarrão e comer um churrasco.
Os três velejadores brasileiros saíram em viagem em julho de 2017 após recrutamento de uma companhia de entregas internacionais para conduzir uma embarcação de Salvador até Portugal. No casco, porém, estava escondida uma tonelada de cocaína, que foi descoberta quando a equipe teve que atracar em Cabo Verde. Os brasileiros e o comandante da embarcação, o francês Olivier Thomas, afirmam que desconheciam a existência da droga. Todos foram inocentados no inquérito da Polícia Federal brasileira, que foi descartado pela Justiça de Cabo Verde.
A decisão que suspendeu a condenação do grupo reconheceu que houve violações à garantia de defesa dos réus e determinou a realização de um novo julgamento. O processo segue em 1ª instância, sem indicativo de data para nova decisão.