Depois de uma sequência de confrontos por disputa da liderança da Reserva Indígena do Guarita, no noroeste do Rio Grande do Sul, a Fundação Nacional do Índio (Funai) garante que os grupos entraram em acordo durante uma reunião na tarde desta quinta-feira (18).
Há cerca de um mês, o Ministério Público Federal está recebendo denúncias de ameaça, sequestro, cárcere privado e atuação de milícia por disputa de liderança da tribo, localizada entre as cidades de Tenente Portela, Redentora e Erval Seco.
O coordenador regional da Funai, Lauriano Artico, diz que o cacique atual aceitou disponibilizar cargos do segundo escalão para membros do grupo rival. O acordo ocorreu durante encontro com os dois grupos, bem como representantes do MPF e Polícia Federal.
— Esperamos que agora se encerre o conflito que começou há um mês, mas se intensificou na semana passada — afirmou Artico.
Conforme o MPF, a origem dos confrontos foi em 2017, quando o antigo cacique e o pai dele foram presos por envolvimento em roubos a agências bancárias de Miraguaí. Um processo eleitoral foi aberto e definiu que Carlinhos Alfaiate seria cacique da tribo até dezembro de 2022. No entanto, o candidato derrotado, Vilmar Sales, e o presidente da Comissão Eleitoral, Alexandre Ribeiro, procuraram o MPF em novembro do ano passado afirmando que ocorreram fraudes no processo eleitoral.
Na semana passada, o MPF emitiu nota afirmando que "a eleição de Carlinhos Alfaiate representa a legítima vontade da maioria da população da Terra Indígena do Guarita", o que intensificou os conflitos, inclusive com disparos de arma de fogo por grupos com o objetivo de intimidar Carlinhos.