Os escombros que pontuam grande parte da paisagem de Vila Oliva denunciam: há ainda muito a ser feito até a recuperação completa do violento tornado que atingiu o distrito de Caxias do Sul há quase dois meses. Neste final de semana, o que mais se via era a movimentação de pessoas ainda realizando obras em casas e pátios, lugares que amanheceram completamente devastados depois da madrugada traumática de 8 de junho. A Associação de Moradores e Amigos de Vila Oliva (Amavo) – que havia sido reativada cerca de três meses antes do tornado a fim de lutar por mais segurança no distrito – tem investido todas energias no apoio aos cerca de 450 atingidos.
– Está vindo bastante doação, mas ainda precisa muita coisa. No início, veio muita roupa e muita comida. Agora estamos focando mais nos materiais de construção, é o que mais precisamos – comenta André Todescato, presidente da entidade.
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Na última semana, a prefeitura de Caxias divulgou um levantamento sobre o que cada família ainda necessita para se reerguer (veja abaixo). O documento tem nomes de 48 moradores. Entre eles está a família de Marcia Maria Ebertz, 40 anos, uma das proprietárias da produtora de frutas e verduras Palandi. Eles contabilizam mais de R$ 3 milhões de prejuízo na propriedade por conta do tornado.
– Conseguimos fazer somente a cobertura do pavilhão principal e da nossa casa. Para nós, o que é mais urgente é material de construção mesmo, como tijolos, cimento, areia e telhas. Perdemos duas câmaras frias, três galpões, cinco casas onde moravam funcionários. Destruiu tudo – comenta ela, apontando para o espaço hoje praticamente vazio onde ficavam as casas dos funcionários da Palandi.
Um deles, Émerson Cavalheiro de Moraes, 20, acabou morrendo em função do temporal.
Outra moradora que conta com a solidariedade da comunidade para reerguer o próprio lar é a cabeleireira Roseli Siqueira, 48. Quando o tornado varreu o distrito, fazia cerca de quatro meses que ela havia se mudado para a casa recém-reformada. O vento destruiu tudo: do segundo andar não sobrou nada, no térreo restaram somente as paredes. Ela precisou voltar para a casa da sogra, enquanto aguarda conseguir o material necessário para a reforma. O mais urgente, segundo ela, são telhas, areia fina e cerâmica.
– Entre os atingidos, o pessoal está se ajudando. Se sobra de um, vai para o outro – aponta ela, sem esquecer do trauma da noite em que perdeu sua casa.
Lutando para
Quase dois meses após tornado, moradores de Vila Oliva, em Caxias, lutam para reconstruir distrito
Prefeitura divulgou um levantamento sobre o que cada família ainda necessita para se reerguer
Siliane Vieira
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