Uma brasileira que viajou para Dublin, na Irlanda, na terça-feira (18), na tentativa de visitar amigos que fez em intercambio no país, entre 2015 e 2016, acabou sendo presa após ser barrada no serviço de imigração do aeroporto local. Paloma Aparecida Carvalho, 24 anos, passou a noite na prisão e parte do dia seguinte. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
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Paloma chegou a Dublin, na tarde do dia 18, saindo da Suíça, onde visitou os pais de seu noivo. Ao chegar no aeroporto, a brasileira disse que foi "bombardeada" com uma série de perguntas feitas por uma funcionária da imigração, que não acreditou em suas respostas. Após cerca de 20 minutos de interrogatório, Paloma conta ter sido informada de que não poderia entrar no país e seria deportada para a Suíça. No entanto, o voo mais próximo para a Suíça sairia apenas na quinta-feira (20). Com isso, as autoridades afirmaram que ela teria que aguardar em uma "acomodação", que mais tarde Paloma descobriu ser a prisão de Dóchas.
A brasileira afirmou que teve que ficar nua no local para a realização de revista e passou por "uma humilhação inacreditável", ficando sem comer e dormir durante o tempo confinada.
Após a triagem, já na sua cela em condição de detenta, Paloma teve direito a uma ligação telefônica, o que lhe foi negado no aeroporto e na chegada à casa prisional. Ela entrou em contato com o noivo e amigos que a receberiam na Irlanda para explicar a situação.
Paloma afirma que pediu água, mas uma das guardas disse para ela tomar da pia de sua cela. A brasileira destaca que o objeto estava coberto de vômito de sua companheira de quarto, uma alcoólatra, que vomitou "a noite toda".
Uma das pessoas que receberiam Paloma em solo irlandês tentava buscar ajuda para a brasileira, tentando auxílio de um advogado e da embaixada brasileira em Dublin, que, segundo Paloma, não ofereceu "qualquer ajuda legal".
Na tarde de quarta-feira (19), após tentativas fracassadas de resolver a situação, Paloma foi informada de que poderia sair da prisão. Ela diz que nem buscou saber os motivos, tratando de sair o mais rápido possível do local. Antes de deixar a casa prisional, recebeu a notícia de que poderia ficar 10 dias no país. A brasileira disse que o motivo da soltura não foi explicado. Paloma disse que vai planejar o que fazer nos próximos 10 dias que pode ficar legalmente na Irlanda e estudar medidas legais contra o governo local. A brasileira não recebeu seu passaporte de volta.
Segundo a Folha, o Departamento de Justiça e Igualdade da Irlanda informou, por meio de nota, que "não faz comentários sobre casos individuais" e que o país "opera um sistema de imigração justo, seguro e efetivo e, de fato, o sistema irlandês de imigração é um dos menos onerosos para os visitantes".
Também por meio de comunicado, a embaixada do Brasil na Irlanda afirmou que o país "tem soberania sobre seu território e, portanto, detém o direito de decidir sobre a recusa de entrada de pessoas no país, de forma discricionária". O órgão também informa que "já registrou sua posição de desacordo com a prática de envio de cidadão brasileiros inadmitidos a centros de detenção".