O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prepara denúncia ligando o presidente Michel Temer à mala de R$ 500 mil recebida pelo ex-deputado federal e ex-assessor especial do presidente Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que está preso desde o dia 3. A intenção de Janot seria denunciar o presidente por crime de corrupção passiva. As informações foram apuradas pelo jornal Folha de S.Paulo e publicadas na madrugada deste domingo (11).
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Loures foi filmado pela PF recebendo uma mala com R$ 500 mil em São Paulo. Segundo delações de executivos da JBS, os valores seriam propina.
A denúncia que liga o presidente a esse episódio deve ser protocolada até a próxima semana no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo os investigadores, as provas sobre as propinas acertadas com a JBS apenas fariam sentido se considerados a influência e o poder de Temer.
Não seria necessário comprovar que Temer recebeu qualquer quantia da mala, mas apenas que o presidente atuou na negociação. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), um dos principais indícios de que o acerto o envolveu está em uma conversa entre Loures e Ricardo Saud, executivo da JBS, em que há a menção da palavra "presidente".
A conversa ocorreu antes do recebimento da mala por Loures e entregue por Saud. Segundo a investigação, seria implícita a existência de uma terceira pessoa por trás do acordo.
A Polícia Federal pediu prorrogação do prazo que terminaria nesta terça-feira (13) para entregar o relatório do inquérito à PGR. Após esse relatório, Janot tem cinco dias para oferecer a denúncia, mas esse prazo pode ser adiantado. A formalização da acusação pode ser feita mesmo sem o relatório final da PF, se a PGR estiver convicta de que ocorreram crimes.
O plenário do STF pode transformar Temer em réu com a autorização da Câmara, e, em caso de aprovação, os ministros podem acolher a denúncia. Nesse caso, ele vira réu e seria afastado do cargo por até 180 dias. Em Brasília, fala-se que o presidente e seus aliados já fizeram as contas e estimam que têm o apoio e os votos necessários para barrar a acusação.
Michel Temer nega ter cometido crime e ter qualquer relação com a mala recebida pelo seu assessor especial. Na última sexta-feira (9), o presidente se recusou a responder às 82 perguntas enviadas pela Polícia Federal no inquérito da Operação Lava-Jato.