
Com o compromisso de reduzir ao menos 30% dos custos e gastos, firmado no início do ano com o prefeito Daniel Guerra (PRB), a nova presidente da Fundação de Assistência Social (FAS), Rosana Santini Menegotto, diz que está aprendendo a fazer milagres. Além de ter de trabalhar com um orçamento mais enxuto, a primeira cargo em comissão (CC) contratada por Guerra ainda precisa encontrar maneiras de fazer com que os programas de assistência social não percam a qualidade e não deixem de atender às pessoas.
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O preocupante, de acordo com Rosana, é que a demanda de quem depende de algum serviço da FAS vem aumentando muito nos últimos meses, principalmente em função do desemprego. A presidente ainda não tem números para ilustrar o quanto a procura cresceu, alegando que está analisando cada programa.
– O desafio é que temos um orçamento mais curto e uma demanda maior. Sem renda, as pessoas dependem mais do Estado, do município. Temos de cortar, mas sem prejudicar o atendimento nem deixar quem precisa sem assistência. Estamos fazendo economias para incrementar os projetos, mas nada a curto prazo. Muito está sendo revisto, principalmente os critérios dos programas, como o Caxias Acolhe. A assistência social é diferente da saúde, por exemplo, que todo mundo tem direito. É uma política para quem necessita e, para você ter direito, deve estar dentro dos critérios – esclarece Rosana, que tem mais de 20 anos de experiência nas áreas de administração, marketing e gestão de pessoas.

No segundo mês no comando da FAS, a presidente já autorizou cortes significativos no orçamento da fundação. Até agora, o número de CCs foi reduzido pela metade, assim como o de estagiários. O aluguel de dois imóveis, um na Rua Bento Gonçalves e outro na Visconde de Pelotas, foram rescindidos, o que, segundo Rosana, vai gerar uma economia de quase R$ 100 mil ao ano. O diretor administrativo da FAS, André Dall Agnese, ainda acrescenta que as horas-extras não estão sendo autorizadas e todas as licitações estão momentaneamente paralisadas para serem revistas.
– As economias são para garantir que os serviços continuem sendo prestados. Nenhuma das 32 instituições apoiadas pela FAS deixou de receber verba. Neste ano, não podemos aumentar o número de entidades parceiras porque trabalhamos com o orçamento feito na gestão passada, mas não descartamos mudanças em 2018 – adianta a presidente.
"Não podemos ter dependentes"
Rosana Menegotto não adianta quais as mudanças que podem ocorrer nos programas da FAS em função da revisão de critérios, mas diz que algumas ações existentes não estão de acordo com o que ela quer em sua gestão: incentivar a autonomia de vida de quem precisa de assistência social. Um exemplo seria o Caxias Acolhe, que tem por objetivo oferecer abrigo para homens e mulheres que não têm onde dormir.
– No momento em que tu só tira eles da rua, dando banho, comida e cama, tu está oferecendo uma solução mais digna só para uma noite, e não é o que queremos. Estamos preocupados em formar indivíduos, em tirar as pessoas da situação de dependência – explica.
A FAS hoje, de acordo com presidente, têm projetos para todas as fases da vida, mas diz que as crianças e adolescentes devem merecer atenção especial:
– Temos casos de que a mesma pessoa, ao longo da vida, participou de todos os programas de assistência social oferecidos pela prefeitura. É exatamente isso que não queremos.