A construção de uma indústria de grande porte que transformará resíduos de Pinus eliiotti em pellets, cilindros de madeira comprimida, trouxe uma peculiaridade a São José dos Ausentes: para implantar o maquinário, importado da China em 118 containers, uma equipe de chineses se instalou na cidade. Cerca de 50 técnicos e engenheiros do país asiático chegaram para trabalhar desde fevereiro do ano passado. A vinda causou burburinho na cidade com pouco mais de 3 mil habitantes.
– Começamos a usar o Google tradutor nos celulares para entender o que eles queriam comer. Gostam muito de carne – conta a funcionária da Churrascaria Charqueadas, Beatriz Lazzeris.
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Foi preciso, portanto, jogo de cintura para receber os chineses, já que somente um deles fala inglês fluente. É o engenheiro Yang Lefty, 25 anos, que foi se encarregando de traduzir para a turma o que acordava com os diretores da fábrica. Enturmado já em Ausentes, ele até sabe pronunciar uma expressão que tem ouvido quase que diariamente por lá:
– Que frio!! Frio, frio – diverte-se.
Como o grupo de chineses foi ampliado na medida que a empresa ganhava forma, Yang precisou de ajuda para traduzir aos amigos. Por isso, o taiwanês Tzuli Hung foi contratado para acompanhar a turma e fazer o meio campo entre a linguagem da empresa e funcionários. A rotina deles consiste, basicamente, em trabalhar e lanchar nas poucas opções que Ausentes oferece.
O café da manhã, por exemplo, é cozinhado em uma cantina que abre cedo especialmente para eles, a cantina Auzani. O cardápio consiste em arroz branco, sem óleo e sal, ovo frito e cozido, servido às 7h. Na tarde da última quinta-feira, eles não trabalharam porque era feriado na China: é a Festa do Barco do Dragão, festival que mereceu janta típica também em Ausentes.
– Eles vieram de um país muito desenvolvido e pararam no interior do Sul. Por isso estão estranhando, mas estão felizes – define Tzuli.
Trabalho
Cerca de 50 chineses vivem em São José dos Ausentes e mudam rotina da cidade
Eles instalam uma indústria que transformará Pinus elliottii em biocombustível
Raquel Fronza
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