Líder da Via Campesina e coordenador do Movimento Sem Terra (MST), Cedenir de Oliveira afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta sexta-feira, que os movimentos sociais ligados à agricultura manterão a mobilização contrária ao processo de impeachment às vésperas da votação na Câmara Federal.
– Estamos mostrando a grave crise que vive a nossa sociedade. Por trás, pode estar havendo uma grande farsa, na medida em que as pessoas estão contra a corrupção e querem resolver os problemas da nossa sociedade, mas esses problemas não serão resolvidos com o impedimento de uma presidente eleita legitimamente – disse Oliveira, também coordenador da Frente Brasil Popular.
Duas caminhadas acontecem na chegada à Capital nesta manhã e causam alterações no trânsito. Os grupos apoiam o governo Dilma Rousseff. Além de integrantes do MST e da Via Campesina, participam manifestantes ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O grupo caminhou desde a Ilha do Pavão e juntou-se a manifestantes do MST na Praça Pinheiro Machado, no encontro das avenidas Farrapos e Brasil, de onde partiram rumo à Praça da Matriz, onde há um acampamento contrário ao impeachment. No final do dia, participarão de ato na Esquina Democrática. No domingo, haverá vigília durante a votação na Câmara.
– Depois das votações, o Brasil não será o mesmo. Voltaremos a refletir depois de domingo para saber como vamos nos posicionar. Acreditamos que não tem legitimidade a possibilidade do impeachment. Os movimentos continuarão mobilizados, nossa mobilização não é só para que se mantenha o processo democrático do país, mas também para que o governo mude sua política econômica e não tire direitos da classe trabalhadora – disse Oliveira.
Questionado sobre invasões de terra, o líder dos agricultores afirmou que essa é uma prática que vem ocorrendo há muito tempo:
– As ocupações de terra, o MST realiza há 30 anos. Desde o governo Collor, governo Sarney, passou pelo governo Lula, governo Dilma e certamente vai continuar existindo enquanto a reforma agrária não acontecer. Evidentemente que um golpe de estado, um golpe que retira a presidente eleita legitimamente, o clima no país não será o mesmo. Eles (referindo-se à oposição à presidente), que rasgarão a constituição e os acordos estabelecidos, também poderão sofrer com esse ato.
* Zero Hora