Mesmo antes de ter a dimensão exata do vazamento de petróleo que ocorreu em uma estação da Transpetro, no Litoral Norte, durante a noite de quarta-feira, o Batalhão Ambiental da Brigada Militar já considera uma situação de emergência e está acionando patrulhas para quantificar o volume de óleo derramado e promover medidas de contenção dos danos.
Um sobrevoo na região, realizado durante a manhã desta quinta, além de patrulhas em terra, mostraram que a mancha de óleo não está indo em direção às praias.
– Ainda é muito cedo para estimarmos a proporção e o que provocou isso. O que podemos dizer é que a mancha não está se aproximando da costa – disse o comandante da 2ª Companhia do 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar, capitão Tiago Carvalho Almeida, que está em Tramandaí. Mais tarde, em nota, a Transpetro divulgou que o volume de petróleo vazado seria de cerca de 2,5 mil litros.
Os ventos estão impedindo que o óleo vá em direção à costa. Equipe do Batalhão Ambiental da Brigada Militar fez uma vistoria na orla marítima e constatou que ainda não há alteração ambiental nas praias de Tramandaí e Imbé. Equipes dos batalhões ambientais de Tramandaí, Capão, Osório e Porto Alegre estão mobilizadas na faixa litorânea.
Vazamento teria sido rápido, mas cálculo do derramamento ainda não foi feito
Conforme o comandante do 1º Batalhão do Comando Ambiental da Brigada Militar de Porto Alegre, major Rodrigo Gonçalves dos Santos, houve um vazamento em uma das monoboias da estação da Transpetro por volta das 22h, mas o sistema é preparado para esse tipo de situação e possui uma válvula de fechamento rápido. Ou seja, o vazamento não perdurou durante toda a madrugada, mas a fração de segundo que leva até que se consiga fechar o sistema "acaba deixando vazar alguma coisa".
– O importante agora é saber quanto vazou – afirma Santos.
O vazamento ocorreu na orla de Tramandaí, onde existem duas monoboias, situadas a quatro e seis quilômetros da costa. Elas servem para bombear petróleo para dentro dos navios da Petrobras. Conforme informações passadas pela Transpetro, devido ao forte vento, um dos mangotes que liga a monoboia ao navio para a passagem do óleo se desconectou, provocando o vazamento. O acidente teria ocorrido na monoboia mais distante da orla.
Conforme o comandante, a própria Transpetro possui equipes de emergência – requisito necessário para o licenciamento ambiental – que precisam agir assim que a mancha for identificada. As ações que podem ser feitas são o cercamento do óleo com barreiras de contenção para posterior recolhimento do produto, ou a colocação de produtos de neutralização do óleo para que ele se aglutine e afunde.
– A estratégia a ser tomada depende das proporções do vazamento e também das condições climáticas, que às vezes não permitem o cercamento do petróleo. O importante é minimizar os impactos – explica.
Praias podem ser interditadas se petróleo chegar à costa
Por ser um produto extremamente agressivo ao ambiente marinho, o petróleo pode causar um grande impacto na fauna, resultando na contaminação e mortandade de animais. Além disso, se a mancha chegar à orla, pode contaminar e gerar a interdição de algumas praias.
– Se esse óleo chegar nas praias vai complicar bastante, pois é um produto muito agressivo ao meio ambiente. Estamos dependendo agora das correntes de vento – alerta Santos.
Consultada por Zero Hora, a Transpetro informou em nota que "equipes de contingência" da empresa "realizam os trabalhos de contenção e remoção do produto", e as causas do vazamento estão sendo apuradas. Veja a íntegra do comunicado:
"A Transpetro informa que um cabo de amarração que ligava um navio à monoboia do Terminal de Osório, em Tramandaí (RS), se rompeu na noite desta quarta-feira (6/4). O incidente ocorreu durante o descarregamento de petróleo do navio. A operação foi paralisada preventivamente devido ao mau tempo e, em seguida, as válvulas de segurança automaticamente bloquearam as extremidades dos mangotes. Parte do produto contido nas válvulas, cerca de 2.500 litros, atingiu o mar.
Equipes de contingência da Transpetro realizam os trabalhos de contenção e remoção do produto. As causas do incidente estão sendo apuradas e as autoridades competentes foram informadas."
* Zero Hora