Centenas de feministas hondurenhas caminharam nesta terça-feira, Dia Internacional da Mulher, para exigir uma comissão internacional que investigue a empresa Desenvolvimentos Energéticos Sociedade Anônima (DESA) pelo assassinato da ambientalista Berta Cáceres.
"O governo tem que investigar o assassinato e tem que investigar a DESA porque é a empresa que estava ameaçando Berta", como coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares a Indígenas de Honduras (Copinh), afirmou à AFP a ativista Suraya Martínez, do Centro de Estudos da Mulher.
Cáceres foi assassinada na madrugada de 3 de março na cidade de La Esperanza, 200 km ao noroeste da capital, por homens encapuzados que entraram em sua casa e feriram o mexicano Gustavo Castro.
"Está claro quem eram as pessoas que ameaçavam Berta por defender o rio Gualcarque, mas a investigação tem que ser de uma comissão internacional porque o governo ajudou a criminalizá-la e tratou de esconder os culpados", denunciou Martínez.
No momento em que foi assassinada, Cáceres liderava uma batalha contra um projeto da DESA de construir uma represa hidroelétrica sobre o rio Gualcarque, que abastece comunidades indígenas.
As integrantes de diferentes organizações feministas se reuniram em frente ao Palácio Presidencial e marcharam até o Congresso gritando palavras de ordem como: "Berta não morreu, se multiplicou" e "Os assassinos têm nome".
Na comemoração do Dia Internacional da Mulher, as organizações feministas pediram também o fim dos feminicídios.
Ao todo, 4.018 mulheres foram assassinadas no país centro-americano entre 2014 e 2015, e 96% dos casos ficam impunes, segundo ativistas do movimento feminista.
Honduras é classificado como um dos países mais violentos do mundo com 60 homicídios por cada 100.000 habitantes em 2015, segundo o Observatório da Violência da Universidade Nacional.
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