Na manhã de segunda-feira (3), as irmãs Neusa Terezinha Bitencourt de Oliveira, 64 anos, e Maria Cleci Bitencourt da Costa, 70, viajavam em família para Torres, no Litoral Norte, quando o Fiat Siena em que elas estavam se envolveu em um acidente na Estrada do Mar. O veículo colidiu na traseira de um caminhão, atravessou a rodovia e bateu em outro carro. As duas irmãs morreram na hora.
O acidente aconteceu por volta das 7h, no km 40 da rodovia, próximo do acesso para a Praia do Barco, em Capão da Canoa. Segundo a família, além das irmãs, outras três pessoas estavam no carro.
No banco traseiro, além de Neusa e Maria, estava o irmão mais novo delas, Izak Bitencourt, 53, que ficou gravemente ferido e segue em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa.
Na parte dianteira, estavam o motorista, irmão das vítimas, 69, e a esposa dele, 62, no banco do carona. Ambos foram encaminhados para atendimento em hospital.
Momentos antes do acidente, Izak tirou uma foto dentro do carro com as irmãs. Maria encaminhou a foto para o filho, que compartilhou em uma rede social. Este foi o último registro das duas com vida.
— Elas eram duas tias divertidas. Onde elas estavam era risada, era alegria. Eram pessoas que eram umas mãezonas. Corriam por todo mundo que precisasse — lembra John Lennon Muniz Bitencourt, 33 anos, sobrinho de Neusa e Maria.
Segundo ele, a viagem foi combinada de última hora e deveria durar um dia. Ele conta que as tias são naturais de Viamão e viviam na Estrada da Capororoca, próximo à Lomba do Pinheiro.
Neuza era responsável por cuidar do pai, que tem 98 anos. Às vésperas de se aposentar, ainda fazia faxinas para se manter. Ela tinha duas filhas, uma que mora na Lomba do Pinheiro e outra em Portugal.
Maria, que era mãe de três filhos, já era aposentada e viúva. Ela morava com o filho mais velho e o neto.
O sobrinho conta que há 10 meses ela havia perdido um dos filhos de forma trágica. Mecânico automotivo, ele trabalhava sob um caminhão quando o macaco — equipamento de suspensão hidráulica — cedeu e o veículo o prensou.
— Faz 10 meses que a gente passou por um luto de uma forma trágica e agora de novo — lamenta.
Conforme John, nas festas de família, as irmãs contavam piadas e alegravam o ambiente. Segundo o sobrinho, elas eram muito unidas.
— Elas eram muito divertidas, muito mesmo. As duas eram tão inseparáveis, que elas foram juntas. Onde uma estava, a outra sempre. Elas não iam suportar ficar longe uma da outra.
Além dos que estavam no carro, ambas também tinham outros dois irmãos, de 68 e 60 anos, que não foram na viagem. O mais velho deles é o pai de John, que também ficou em casa.
Segundo ele, por pouco o tio mais jovem, Izak, não deixou de viajar com a família para Torres. Ele conta que haviam combinado de irem juntos para Cidreira no último sábado, o que não ocorreu.
Neiridiane Bitencourt de Oliveira, 40 anos, filha de Neuza, lembra com carinho da mãe.
— Minha mãe era muito amada por todos, família amigos, irmãos da igreja. Ela ensinou muita gente a fazer bolo, crochê, salgados. Mesmo com problemas, estava sempre com um sorriso no rosto, sempre dando ânimo para as pessoas — diz Neridiane.
Estado das vítimas
Segundo a família, o tio que estava dirigindo o carro, de 69 anos, quebrou o braço e uma costela. Ele teve alta na manhã desta quarta-feira (5). Já a esposa dele, de 62 anos, fraturou sete costelas e feriu a perna. A expectativa era que também tivesse alta nesta quarta.
Durante a tarde, familiares se deslocaram até o hospital, em Capão da Canoa, para obter mais informações sobre o quadro de Izak, que segue em coma induzido.
Despedida
O velório de Neuza e Maria ocorreu na terça-feira (4), no cemitério Jardim da Paz. A cerimônia começou às 10h e o enterro ocorreu às 17h15min, com quase 200 pessoas, conforme a família.
— Agora a gente está buscando força, porque o meu pai também não está bem. De todos os lados, a gente está tentando se apoiar e tentando ser fortes — pontua.