Morreu na manhã desta segunda-feira, em Porto Alegre, aos 54 anos, em decorrência de um câncer, a diretora e produtora de cinema gaúcha Monica Schmiedt. Ao longo de sua trajetória, Monica destacou-se trabalhando em filmes que ajudaram a projetar o cinema do Rio Grande do Sul no Brasil a partir da década de 1980. O velório será realizado no Cemitério Evangélico de Porto Alegre – Capela B (Guilherme Schell, 467), a partir das 18h30min desta segunda, e o enterro, na terça, em Não-me-Toque, cidade natal da cineasta.
Nascida em 1961, Monica estudou Arquitetura e História e começou a trabalhar com produção audiovisual no começo dos anos 1980. Como produtora, seu nome está nos créditos de alguns dos mais importantes filmes gaúchos dessa década, como Verdes Anos (1984), de Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase, Me Beija (1984) e O Mentiroso (1988), ambos de Werner Schünemann, Aqueles Dois (1984), de Sérgio Amon, e Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado.
Em 1987, Monica foi uma das fundadoras da Casa de Cinema de Porto Alegre, produtora formada por um sistema de cooperativa que reuniu jovens realizadores, entre eles Jorge Furtado, Carlos Gerbase, Giba Assis Brasil, Ana Luiza Azevedo, José Pedro Goulart e Werner Schünemann.
Monica atuou ainda na produção de longas como O Quatrilho (1995), de Fábio Barreto, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1996, e Anahy de las Misiones (1997), de Sergio Silva, vencedor do troféu de melhor filme no Festival de Brasília, entre outro prêmios.
À frente da M.Schmiedt Produções desde 1994, Monica voltou-se ao cinema documental no seu trabalho como diretora. Com Alberto Salvá, assinou Antártida, o Último Continente (1997). Com o alemão radicado no Brasil Sylvestre Campe, apresentou Extremo Sul (2004), filme que acompanhou uma expedição de alpinistas na Terra do Fogo, na ponta inferior da América do Sul. Também dirigiu Doce Brasil Holandês (2010), documentário sobre a influência da colonização holandesa no Brasil. O mais recente trabalho de Monica como produtora é o longa de ficção inédito Prova de Coragem, de Roberto Gervitz, adaptação do livro Mãos de Cavalo, de Daniel Galera, previsto para estrear em maio nos cinemas.
– A realização desse filme foi de fato uma prova de coragem para a Monica. Ela descobriu a doença pouco antes do começo das filmagens – disse a cineasta Liliana Sulzbach, de quem Monica produziu o curta A Invenção da Infância (2000).
O ator e diretor Werner Schünemann lamentou a morte da produtora:
– A Monica foi uma grande lutadora na vida pessoal, no cinema e agora enfrentando essa doença. Sempre acho que todas as mortes ocorrem muito cedo. Ela tinha ainda muito a fazer.
Principais projetos de Monica Schmiedt
– Monica Schmiedt trabalhou como atriz no grupo teatral Faltou o João. Enquanto muitos atores teatrais de Porto Alegre no começo dos anos 1980 foram para a frente das câmeras nos filmes dirigidos pelos amigos cineastas, Monica, após breves participações em filmes como Coisa na Roda, Inverno e Verdes Anos, optou pela função de produtora, na qual ganhou notoriedade – atuou nessa função, por exemplo, no curta-metragem Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado (como produtora executiva), e no longa O Quatrilho (1995), de Fábio Barreto, que foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1996, entre vários outros.
– Lançou-se na direção assinando três documentários – Antártida, o Último Continente (1997), codirigido com Alberto Salvá, Extremo Sul (2005), com Sylvestre Campe, e Doce Brasil Holandês (2010).
– Ela também produziu o documentário Dona Helena (2006), de Dainara Toffoli, e diversas ficções, como Memórias Póstumas (2001), de André Klotzel, e Anahy de las Missiones (1997), de Sérgio Silva, em ambos como produtora associada.
– A adaptação de Mãos de Cavalo, de Daniel Galera, era sua mais recente empreitada na produção. O longa, que tem direção de Roberto Gervitz, tem estreia marcada para 12 de maio.