Um adolescente de 16 anos morreu ao ser atingido por um disparo no rosto ao lado da escola onde estudava, no bairro Getúlio Vargas, um dos mais violentos de Rio Grande, no sul do Estado. Segundo a Polícia Civil, o tiro teria sido efetuado por outro garoto, de 14 anos, já foi identificado. A família deve apresentá-lo hoje na delegacia da cidade para esclarecer o ocorrido.
Conforme a polícia, os dois adolescentes estavam caminhando em direção à Escola Estadual Alcides Barcelos, por volta das 8h de ontem, quando um disparo atingiu Vagner Alves dos Santos. O barulho assustou alunos, pais e funcionários que estavam no portão recebendo crianças do turno integral.
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O diretor da instituição, Paulo Fonseca, diz que o sinal para alertar sobre a entrada havia acabado de tocar:
– Já tinha até tocado o sinal e colocado as turmas para dentro da escola quando ouvimos um estampido. Parecia uma bombinha, um rojão. Logo alguém começou a gritar que era um tiro e que tinha acertado um aluno. A mãe de outro estudante o reconheceu (Santos) na hora. Foi bem ao lado da escola, ficamos muito assustados.
Ainda conforme o relato do diretor, muitas pessoas se aglomeraram em volta de Santos até a chegada da Brigada Militar (BM). Como o garoto ainda estava com vida, os policiais ligaram para o Samu pedindo socorro até o hospital, mas a vítima acabou sendo levada na viatura da BM. Santos chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu.
Um boato de que o Samu teria se negado fazer o atendimento da ocorrência em razão da violência no bairro começou a circular na comunidade. No fim da tarde de ontem, a Secretaria Estadual da Saúde desmentiu, e declarou, em nota, que o Samu de Rio Grande recebeu o chamado de um oficial da BM, mas, minutos depois o mesmo policial cancelou o chamado informando que faria o deslocamento da vítima na viatura.
Pai de suspeito foi alvo de tiros no mesmo dia
O delegado Leandro Amaral, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) deve ouvir o suspeito hoje em busca de explicações para o ocorrido e quanto à procedência da arma, que ainda não foi localizada. Depois do tiro, o garoto fugiu do local.
– Nossa grande dúvida agora é se o disparo foi acidental ou se há alguma motivação. Só ele (o adolescente) poderá esclarecer isso. A família se comprometeu a apresentá-lo. Vamos aguardar – disse Amaral.
Segundo o delegado, o pai do garoto que teria atirado contra Santos foi alvo de tiros logo depois da morte do adolescente. Ele trabalhava no bar do qual é proprietário, próximo ao porto de Rio Grande, quando homens passaram em frente ao estabelecimento atirando. Ninguém ficou ferido. A polícia vai investigar se há relação com a morte de Santos.
Os dois casos de disparos com arma de fogo no mesmo dia evidenciam a realidade de um bairro violento, conflagrado pelo tráfico de drogas, segundo polícia.
– É uma região encravada perto do porto de Rio Grande. Um bairro problemático. É uma favela urbanizada. Foram construindo barracos e hoje talvez tenha uns 20 quarteirões – conta o delegado.
"Não nos dava problemas", diz diretor sobre vítima
Inconformado com a morte do aluno, o diretor da Escola Estadual Alcides Barcelos, Paulo Fonseca, conta que Santos comemorou seu aniversário de 16 anos um dia antes do ocorrido. Segundo o docente, colegas fizeram festa e não havia nenhum indício de anormalidade.
– Para nós, ele era um bom aluno, não nos dava problemas. Era um aluno normal, vamos dizer assim. Fez aniversário ontem (terça-feira) e comemorou na escola com os colegas. Assumi a direção do colégio no ano passado e nunca tive nenhum relato de indisciplina sobre ele. Sempre respeitou os professores, não era agressivo – conta.
A família de Santos não foi localizada para falar sobre o crime.
*Zero Hora