As ilhas Fiji iniciaram as operações de limpeza do arquipélago após a passagem do mais poderoso ciclone já registrado em sua história, que matou dezessete pessoas, destruiu muitas casas e danificou as infraestruturas.
O ciclone tropical Winston foi acompanho de ventos de quase 300 Km/h, de acordo com o Centro de Alerta de Tufão americano.
Winston é o único ciclone de categoria 5 que já atingiu o arquipélago do Pacífico, muito dependente do setor de turismo, onde vivem 900.000 habitantes.
Turistas estrangeiros começaram a deixar Fiji nesta segunda-feira (noite de domingo no Brasil) em meio a temores de que o número de mortos vítimas da mais forte tempestade a atingir a ilha do Pacífico suba abruptamente.
Segundo um balanço atualizado na segunda-feira (noite de domingo no Brasil) pela organização Care australiana, com base em autoridades locais insulares, o número de mortos na passagem do ciclone subiu de seis para dezessete.
"A Care Austrália pode confirmar o número de 17 mortos", informou um porta-voz da organização à AFP, após receber informações de autoridades encarregadas da resposta à catástrofe em Suva.
Mais cedo, o Escritório das Nações Unidas para a Assistência Humanitária (OCHA) tinha reportado seis mortos na passagem do ciclone pela ilha, que deixou um rastro de destruição.
"Casas foram destruídas, muitas áreas baixas foram inundadas", declarou o primeiro-ministro Voreqe Bainimarama. "Após esta tragédia, muitos estão sem eletricidade, água e sem acesso às comunicações".
Uma situação difícil para as agências humanitárias que tentam avaliar os prejuízos, mas OCHA estimou em 150 o número de casas destruídas.
Os habitantes da ilha postaram nas redes sociais fotos de casas que tiveram os telhados arrancados, de ruas alagadas e sinais de trânsito dobrados em dois.
Iris Low-McKenzie, diretora local da ONG Save the Children, explicou que era muito cedo para avaliar os danos nas ilhas mais remotas do arquipélago, que possui cerca de 330.
"Estou particularmente preocupada com o destino das comunidades que vivem nas ilhas remotas que ainda não conseguimos acesso", afirmou Low-McKenzie. "Enquanto as comunicações não forem restabelecidas, não saberemos nada sobre a sua situação".
Winston atingiu a principal ilha de Viti Levu, onde está localizada a capital Suva, mas sem causar grandes estragos.
"Nós não tivemos muitos problemas, apenas algumas telhas que voaram. Mas quando olho em volta de mim, tudo o que vejo são árvores caídas no chão", relatou à AFP um residente de Suva, Danny Southcombe.
"O barulho era assustador quando os telhados e as árvores eram arrancados", acrescenta McKenzie-Low.
'Necessidade de ajuda humanitária'
O primeiro-ministro advertiu que o país enfrentava "um grande teste", instando os fijianos a "serem solidários" e "ajudar uns aos outros".
O estado de catástrofe natural foi decretado por um mês. Um toque de recolher estabelecido para "garantir a segurança" dos fijianos deveria ser levantado na segunda-feira.
Todas as escolas, muitas das quais servem como abrigo de emergência, permanecerão fechadas por uma semana.
Muitos moradores passaram a noite nestes centros, onde receberam comida e água.
Árvores caídas bloqueavam as estradas e provocaram cortes de energia em Viti Levu, enquanto todos os voos foram cancelados no Aeroporto Internacional de Nadi. Eles devem ser retomados na segunda-feira.
As autoridades da Nova Zelândia enviaram um avião P-3 Orion para avaliar os danos nos locais mais remotos. A ministra das Relações Exteriores australiana, Julie Bishop, propôs ajuda semelhante ao arquipélago.
"As necessidades humanitárias são muito elevadas", estimou um funcionário da Cruz Vermelha para o Pacífico, Ahmad Sami.
A prioridade será restaurar a energia elétrica, reabilitar as casas e garantir o fornecimento de água potável aos mais de 700 centros de evacuação abertos pelas autoridades, acrescentou.
Hospitais foram seriamente danificados em Suva e Ba "na passagem destrutiva" de Winston, de acordo com OCHA.
Segundo os serviços meteorológicos locais, Winston se dirigiu para o mar e está a cerca de 230 quilômetros a oeste de Nadi.
O arquipélago, no entanto, deve esperar por fortes ventos, chuvas e grandes ondas.
Os ciclones são comuns na região e as suas consequências difíceis de prever.
* AFP