Era começo da noite de 1º de junho quando o policial aposentado Jair Batista de Labernarde, 56 anos, se deparou com assaltantes em um mercado do Bairro Cohab, em Gravataí. Chegou a tentar reagir, mas os bandidos, literalmente, passaram por cima. Mataram a tiros ele e uma das clientes do estabelecimento.
Pouco mais de dois meses depois, quando a família ainda tentava se recompor, um novo crime os atingiu. Em 17 de agosto, o estudante Jonas Schmitt de Labernarde, 21 anos, foi morto a tiros dentro do ônibus, na Zona Leste de Porto Alegre, quando voltava para casa, em Viamão, depois de um dia de trabalho e estudo.
Deficiente auditivo, ele não teria entendido o que se passava quando o coletivo era assaltado. Dois suspeitos do crime, adolescentes, foram apreendidos um mês depois.
Sem medo
Crimes como esses se repetiram por pelo menos 73 vezes na Região Metropolitana em 2015. Foi o maior índice de latrocínios (roubos com morte) desde que o Diário Gaúcho começou a fazer o levantamento dos assassinatos na região, em 2011, e 23,7% superior ao ano passado.
Roubos com morte
2015 - 73
2014 - 59
2013 - 51
2012 - 38
2011 - 32
Fonte: levantamento realizado pelo DG nos seguintes municípios: Porto Alegre, Alvorada, Canoas, São Leopoldo, Gravataí, Viamão, Novo Hamburgo, Guaíba, Sapucaia, Cachoeirinha, Esteio, Sapiranga, Novo Santa Rita, Portão, Campo Bom, Eldorado, Estância Velha.
- Na maioria das vezes, o criminoso não vai para matar, vai para roubar, mas comete o crime com tal convencimento de que vai cumprir o seu objetivo, que não teme as consequências - acredita o delegado Alencar Carraro, da 1ª DP de Gravataí.
Responsável pela investigação em uma das áreas de maior índice - alta de 42% em Gravataí -, ele acrescenta outro elemento a essa equação trágica.
- Se de um lado o bandido vai para roubar, do outro tem tanta gente que já foi assaltada e não aguenta mais, que cada vez nos deparamos mais com reações impensadas, movimentos bruscos que se tornam um risco - diz.
Em outros casos, o criminoso é quem acaba sendo morto. Em pelo menos 27 homicídios, a vítima foi alvo de reações a assaltos. Em 18 dessas ocasiões, os autores das reações que resultaram em morte foram policiais.
Novo Hamburgo registra maior crescimento
Conforme o levantamento do Diário Gaúcho, a maior parte dos casos de latrocínio envolveu roubos de veículos. Foram pelo menos 24 assaltos deste tipo com morte das vítimas. Um dado que confirma a realidade do crime que mais aumentou no Estado em 2015, com uma alta de 30,4%, segundo os índices da Secretaria de Segurança Pública, entre janeiro e setembro dos dois últimos anos.
Leia mais notícias de Polícia
Curta nossa página no Facebook
* Diário Gaúcho