Ao menos 26 pessoas morreram no ataque cometido por jihadistas em um hotel e em um restaurante frequentados por estrangeiros na capital de Burkina Faso, onde as forças de segurança mataram quatro criminosos.
No total 126 pessoas foram libertadas, incluindo 33 feridos, do hotel quatro estrelas Splendid, no qual normalmente se hospedam estrangeiros e funcionários das Nações Unidas, depois que as forças de segurança retomaram o controle do estabelecimento e do restaurante vizinho Cappuccino na manhã deste sábado, anunciou à AFP o ministro do Interior, Simon Compaoré.
A operação terminou ao meio-dia, indicou uma fonte de segurança. Quatro jihadistas, entre eles duas mulheres, foram abatidos na operação.
A Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) reivindicou o ataque, explicando que se tratava de uma "vingança contra a França e os infiéis ocidentais", segundo um comunicado detectado pelo observatório americano SITE.
Os criminosos eram membros do grupo Al Murabitun, baseado no Mali e dirigido por Mokhtar Belmokhtar, disse o SITE.
Segundo o ministro burquinês da Comunicação, Rémi Dandjinou, ao menos 26 pessoas morreram no ataque, um balanço que pode aumentar.
Além dos quatro atacantes mortos, um quinto teria podido se refugiar em um bar próximo, disseram testemunhas que conseguiram escapar.
Entre os jihadistas abatidos havia "um árabe e dois africanos negros", segundo Compaoré.
O ministro das Comunicações também informou que a operação havia sido conduzida por tropas locais com o apoio das forças especiais francesas. Acrescentou que entre os sobreviventes se encontrava o ministro do Trabalho, Clement Sawadogo, que saiu ileso.
O presidente Roch Marc Christian Kabore, empossado há apenas um mês, visitou o hotel neste sábado, mas não fez declarações.
"Havia sangue por toda parte"
Na manhã deste sábado, a entrada principal do hotel estava em chamas e era possível ouvir gritos em seu interior.
"Foi horrível, as pessoas estavam deitadas e havia sangue por toda parte. Atiravam nas pessoas à queima-roupa", contou à AFP Yannick Sawadogo, um dos reféns que conseguiram escapar.
"Ouvimos eles falando e iam caminhando entre as pessoas e disparando contra as que não estavam mortas. E quando saíram provocaram um incêndio", acrescentou.
O ataque ocorre dois meses depois de outro atentado jihadista no luxuoso hotel Radisson Blu da capital do Mali, Bamaco, no qual 20 pessoas morreram - entre elas 14 estrangeiros - reivindicado pelo mesmo grupo autor deste último ataque em Uagadugú.
Neste sábado o SITE divulgou uma conversa telefônica de um dos criminosos na qual afirmava: "Contei 18 (corpos), mas há ao menos 30 mortos".
"Odioso, covarde"
A embaixada francesa havia indicado horas antes em seu site que havia um ataque terrorista em andamento, pedindo às pessoas que evitassem a zona. O presidente francês, François Hollande, condenou em um comunicado este ataque, considerando-o odioso e covarde.
Com o aeroporto de Uagadugú fechado devido ao ataque, os voos da Air France a partir de Paris foram desviados ao vizinho Níger.
O exército de Burkina Faso afirmou que 20 pessoas fortemente armadas realizaram um ataque na sexta-feira perto da fronteira com o Mali, matando duas pessoas - um oficial da polícia e um civil - e deixando dois feridos.
Um oficial de Defesa americano afirmou, sob condição de anonimato, que Washington pode oferecer serviços de vigilância com drones.
Em Burkina foram realizados vários ataques nos últimos meses, mas até agora nenhum da capital.
Em abril, um romeno, chefe de segurança de uma mina em Tambao (norte), foi sequestrado em uma operação reivindicada igualmente pelo grupo Al Murabitun.
Burkina Faso forma parte do G5 Sahel, grupo de cinco países da região que se coordenam e cooperam em matéria de desenvolvimento, segurança e luta contra o terrorismo.
roh-pgf/ser/wdb/aoc/an/ma