O projeto que prevê a criação de seis centros da juventude - espaços que oferecem oportunidades de estudo, cursos profissionalizantes e atividades de cultura e lazer - na Região Metropolitana deu um passo a mais nesta quarta-feira. No final da manhã, a prefeitura de Porto Alegre assinou um termo de cedência de dois terrenos para o governo estadual, que encabeça o programa cujo objetivo é diminuir a criminalidade entre jovens e adolescentes.
Determinados a partir do índice de homicídios infanto-juvenil, os centros serão construídos em quatro bairros da Capital - Rubem Berta, Cruzeiro do Sul, Lomba do Pinheiro e Restinga -, em Viamão e em Alvorada. Os terrenos cedidos nesta quarta ficam nos bairros Medianeira (com foco nos moradores do Cruzeiro) e Restinga. Os demais já estão encaminhados, restando apenas a oficialização da cedência do de Alvorada, que deve ocorrer nos próximos dias.
De acordo com o diretor do Escritório de Projetos da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos, Aldo Peres, o início da construção dos prédios, com 1,1 mil m² cada, deve começar no primeiro semestre de 2016. Ao estilo modular, cada um deve levar cerca de 10 meses para ser concluído. A entrega de todos os centros deve ficar para 2018.
- O que cada prédio vai abrigar, que tipo de cursos e serviços vai ser escolhido por cada comunidade - afirma Peres. - Não vamos ofertar aula de música clássica num determinado local em que os moradores querem aprender sobre funk - exemplifica.
O prédio de quatro andares deve ter academia, espaço de convivência, lancheria, salas de aula e de oficinas. Além disso, pode ter quadras esportivas, piscina e outras demandas de cada bairro. Para preencher as cargas horárias e ofertar as atividades, o governo está buscando parcerias com organizações e empresas que já atuam nas comunidades ou que têm interesse em participar.
Veja ilustrações de como devem ser os prédios:
O investimento necessário para as obras já está garantido. Fruto de um projeto que começou em 2010, no final do governo Yeda, o convênio de US$ 56 milhões foi firmado em dezembro de 2014 pelo governo Tarso com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Até agora, apenas uma parcela de US$ 9 milhões foi liberada. A expectativa é de que, com o avanço do projeto, que deve ser o primeiro no país a ser executado, o restante da verba chegue aos cofres gaúchos.
- O principal diferencial desse projeto é focar nos jovens, faixa etária com maior número de vítimas, principalmente negros. Tudo por falta de oportunidades - comentou o prefeito José Fortunati.
Os centros da juventude serão voltados a moradores com idade entre 15 e 24 anos, o que diferencia dos "comunitários" mantidos pela prefeitura, que atendem todas as faixas etárias. Eles também não terão distinção quanto ao histórico criminal, embora o principal objetivo seja naqueles em que não tenham tido influência do tráfico de drogas e das organizações criminosas.
Cada centro ofertará de 300 a 350 vagas, sendo que parte dos jovens será beneficiada com uma bolsa-auxilio (de quantia ainda não regulamentada, mas proporcional ao salário mínimo), para atuar como multiplicador na sua comunidade. No total, o objetivo é atingir 22 mil pessoas em situação de vulnerabilidade na Região Metropolitana.