Um caso de repercussão e que teve vários trâmites na Justiça foi, durante mais de 10 horas, a pauta do Tribunal do Júri na tarde desta terça-feira no Fórum de Santa Maria. Quatro seguranças da antiga casa noturna Ponto de Partida foram julgados pela morte de Alex Sandro de Mello, 22 anos, em frente ao estabelecimento, na Avenida Presidente Vargas, no dia 14 de janeiro de 2007. Dois foram condenados, eoutros dois, absolvidos.
Seguranças são julgados por morte de jovem em saída de boate em Santa Maria
Miguel Carvalho da Silva Júnior, 30 anos, Taylor Marvel Rodrigues Lima, 39, Mauro Sérgio Boeira Marques, 42, e Anderson Lima Collares, 39, foram julgados por homicídio qualificado, por motivo fútil, já que teriam agredido a vítima por ela não obedecer a ordem de não dançar de maneira inapropriada dentro do estabelecimento. Um quinto segurança, Deolando Bento Araújo, 45 anos, também foi denunciado, mas morreu este ano e, por isso, não faz mais parte do processo.
Miguel e Anderson foram condenados por homicídio simples - foi retirada a qualificadora por motivo fútil. Cada um pegou oito anos de prisão em regime fechado, mas poderão recorrer em liberdade. Mauro e Taylor foram absolvidos. Nenhum deles chegou a ficar preso pelo fato nesses oito anos.
Em um primeiro momento, os réus haviam sido denunciados por homicídio triplamente qualificado. Além do motivo fútil, também por emprego de meio cruel, pois agiram com brutalidade, desferindo vários golpes na vítima, e também por recurso que impossibilitou a defesa da vítima. No entanto, os advogados entraram com recurso e, após tramitação no Tribunal de Justiça do Estado e no Superior Tribunal Federal, apenas o motivo fútil foi mantido.
Conforme a denúncia do Ministério Público, naquele dia e local, por volta das 5h45min, os réus, com uso de bastões e com socos e pontapés, mataram a vítima, que ainda foi internada no Hospital Universitário de Santa Maria, em coma. Um dia depois, foi detectada a sua morte cerebral e, dois dias depois, o seu falecimento.
Ainda segundo o MP, Mello estava dentro da boate quando foi abordado e arrastado para fora do estabelecimento pelos seguranças, já que a vítima teria sido advertida que não poderia dançar ao estilo "funk" no local, mas acabou voltando a dançar de maneira "proibida".
Durante os interrogatórios, os réus afirmaram que Mello havia se envolvido em uma briga no local e que não seria por conta do estilo que dançava. Além disso, a vítima, depois de ter sido colocada para fora do estabelecimento, teria revidado, atirando pedras contra as portas de entrada. Quatro deles negaram as agressões e colocaram as culpas sob a responsabilidade de um deles, Anderson Lima Collares.
Antes do julgamento, no início da manhã, familiares de Mello protestaram em frente ao Fórum.