O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, anunciou neste sábado em Amã um acordo entre Jordânia e Israel para estabelecer novas medidas que regulem a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, como incluir videovigilância durante as 24 horas do dia.
É esperado que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anuncie estas medidas na noite deste sábado, explicou Kerry junto a seu homólogo jordaniano, Naser Judé, na saída de uma reunião com o rei Abdullah II da Jordânia, país encarregado de administrar o local sagrado em Jerusalém Oriental ocupado e anexado.
Kerry disse que Netanyahu havia aceitado "uma excelente proposta do rei Abdullah para proporcionar videovigilância durante as 24 horas de todos os lugares" do complexo, terceiro lugar sagrado do Islã, mas também venerado pelos judeus.
"Isso vai proporcionar uma visibilidade e transparência completas e isso poderia realmente ser um elemento definitivo para dissuadir quem tenta perturbar a santidade do lugar sagrado", acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana.
O controle e o acesso à Esplanada das Mesquitas é o catalisador da recente onda de violência que atinge Jerusalém, os Territórios palestinos e Israel.
Pouco após o início do encontro, um palestino foi morto por disparos israelenses depois de tentar esfaquear um segurança de uma empresa privada em um posto de controle entre o norte da Cisjordânia e Israel, de acordo com a polícia israelense.
Com a morte deste sábado, o saldo de palestinos mortos desde o início do mês subiu para 52.
Tanto palestinos quanto jordanianos acusam Israel de querer mudar os termos que desde 1967 regem a Esplanada, onde encontra-se a mesquita de Al-Aqsa, e dividi-la entre judeus e muçulmanos - acusação negada por Israel.
Kerry, que reuniu-se com Netanyahu na quinta-feira em Berlim, também disse que o líder israelense "reafirmou o compromisso de Israel" de manter o status quo de 1967 na Esplanada das Mesquitas, segundo o qual os judeus podem visitar mas não rezar no local.
Segundo Kerry, "Israel não tem a intenção de dividir a esplanada". As autoridades israelenses e jordanianas se reunirão "em breve" para reforçar o dispositivo de segurança no local sagrado.
Preservar o status quo
O porta-voz da presidência palestina Nabil Abu Rudeina, disse à AFP que Abbas insistiu em sua conversa com Kerry sobre "a necessidade de preservar o status quo histórico", em virtude do qual o Wafq, órgão jordaniano que administra bens religiosos muçulmanos, tem "a responsabilidade completa de Al-Aqsa há décadas".
Antes de iniciar a reunião, Kerry e Abbas expressaram a esperança de encontrar uma solução para acabar com a violência, num momento em que a comunidade internacional pressiona o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e a Autoridade Palestina, para evitar que a tensão se generalize.
"Não perdemos a esperança", disse Abbas em entrevista coletiva. "Estou cheio de esperança", reforçou Kerry.
Na sexta-feira, novos confrontos foram registrados na Faixa de Gaza, onde jovens palestinos jogaram pedras em soldados israelenses perto da cerca de segurança ao redor do território. Os soldados responderam com tiros que deixaram 65 feridos, incluindo três jornalistas e quatro socorristas, de acordo com fontes médicas palestinas.
Na Cisjordânia ocupada, também foram registrados violentos confrontos entre o exército israelense e os palestinos, principalmente perto de Hebron. Vinte palestinos foram feridos por tiros, de acordo com os serviços de emergência palestinos.
Além disso, um israelense e suas duas filhas ficaram feridos na Cisjordânia quando seu veículo foi atacado por um coquetel Molotov, disse o exército israelense.
Ao mesmo tempo, os partidos políticos palestinos convocaram um "dia de ira" com um apelo de protestos depois das orações em Gaza e na Cisjordânia.
Em contrapartida, a situação era calma na Cidade Velha de Jerusalém, que dá acesso ao Monte do Templo. Cerca de 25.000 muçulmanos participaram da oração, superando a média de 10 a 15 mil normalmente, disse à AFP Sheikh Azam al- Khatib, diretor da fundação que administra a esplanada.
* AFP