Depois de cinco meses de novas investigações sobre a morte de Odilaine Uglione, mãe de Bernardo Uglione Boldrini, a Polícia Civil quer esclarecer com a reprodução simulada, última perícia do caso que foi solicitada, duas situações consideradas pontos chaves, dentre outras.
O foco é saber o momento em que o disparo que matou Odilaine foi feito - ou seja, se o então marido dela, o médico Leandro Boldrini, ainda estava na sala ou tinha saído -, e se havia uma terceira pessoa no interior do consultório.
A investigação teve essa semana a quarta prorrogação autorizada pela Justiça a pedido da polícia. O delegado Marcelo Lech, que conduz a apuração, não informa detalhes dos mais de 40 depoimentos já reunidos no inquérito, mas confirma que estes dois pontos estão entre as principais situações a serem resolvidas com a reconstituição.
As falhas na rede de proteção que não salvou Bernardo Boldrini
Isto porque nos depoimentos tomados à época da morte, ocorrida em 2010, houve divergência nos testemunhos de quem aguardava na antesala do consultório. Algumas pessoas disseram ter ouvido disparo antes de Boldrini ter saído correndo do consultório. Outras, que primeiro o médico abriu a porta pedindo socorro e, depois, foi ouvido o tiro.
À época, o caso foi arquivado como suicídio, mas acabou reaberto este ano depois de a família de Odilaine apresentar perícias particulares levantando suspeita de que ela poderia ter sido morta e também de que uma terceira pessoa estaria dentro do consultório no momento do disparo.
Conforme a polícia, parte dos documentos necessários para que o Instituto-geral de Perícias prepare a reprodução simulada já foi enviada, sem prejuízo de outros que possam surgir. A data para realização da perícia ainda não está definida.
Na quarta-feira, Lech viajou para Santa Catarina para tomar o depoimento de mais uma testemunha. Foi a primeira a ser ouvida fora do Estado.
O delegado pretende concluir a investigação até dezembro. Além de depoimentos que ainda faltam, ele tem de aguardar o resultados de outras perícias que estão sendo feitas - como a que indicará se a carta encontrada na bolsa de Odilaine com tom de despedida foi mesmo escrita por ela e a que confirmará a trajetória do disparo que a matou, por exemplo - e o resultado da reconstituição.
Com todo o material pericial em mãos, Lech trabalhará no relatório de conclusão do inquérito, baseado também nos depoimentos e em outras provas reunidas nos meses de apuração.
O então marido de Odilaine, o médico Leandro Boldrini, e a madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, foram interrogados pela polícia na condição de investigados pelo suposto assassinato de Odilaine. Boldrini, Graciele e mais duas pessoas estão presos sob acusação de participação na morte de Bernardo, ocorrida em abril do ano passado.
A MORTE DE ODILAINE
- Odilaine Uglione morreu no dia 10 de fevereiro de 2010, no hospital de Três Passos, horas depois de supostamente atirar contra a própria cabeça, dentro do consultório do marido, o cirurgião Leandro Boldrini.
- Testemunhas viram Odilaine chegar nervosa e entrar na sala para esperar Boldrini.
- Conforme o relato de testemunhas à época, Boldrini saiu correndo da sala e um tiro foi ouvido.
- A investigação da morte foi arquivada com a conclusão de suicídio.
- Depois que Bernardo Uglione Boldrini, filho de Odilaine e Leandro, foi morto, em abril de 2014, e o pai e a madrasta surgiram como suspeitos do crime, a família de Odilaine passou a tentar reabrir o caso de 2010.
- A Justiça negou os pedidos até que uma perícia particular indicou que a carta de despedida, encontrada na bolsa de Odilaine, não teria sido escrita por ela, mas sim pela ex-secretária de Boldrini, Andressa Wagner.
- Assim que o resultado da perícia particular foi tornado público, Andressa registrou ocorrência por calúnia e forneceu material escrito para que a perícia oficial faça a comparação com a carta de suicídio.