Por 17 votos a favor, nove contra e uma abstenção, o parecer final do relator Luiz Sérgio (PT-RJ) foi aprovado pela CPI da Petrobras. O relatório propõe o indiciamento de apenas um político envolvido no esquema de corrupção na estatal, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto
A votação se estendeu pela madrugada desta quinta-feira, e nenhum dos quatro destaques propostos para alterar o texto foi aprovado. Luiz Sérgio apresentou uma nova versão de seu criticado relatório. Pedidos genéricos foram excluídos do texto e mais de 70 personagens que já haviam sido nominalmente citados na primeira versão foram acatados.
No final da noite de ontem, o petista acolheu o pedido de indiciamento de empresários da família Schahin e surpreendeu ao aceitar a inclusão do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Luiz Sérgio manteve em seu relatório críticas à operação Lava-Jato e ao expediente das delações premiadas.
Apesar ter continuado a poupar políticos, o relator incluiu a contragosto empreiteiros, doleiros, carregadores de mala, funcionários e ex-funcionários da Petrobras que haviam sido listados pelos sub-relatores como alvos de indiciamento. Todos eles, na verdade, já são investigados e alguns até condenados na Operação Lava-Jato.
Insatisfeitos com o parecer apresentado pelo relator, representantes de PSOL, PSDB e PMDB apresentaram votos em separado incluindo políticos na lista de sugestões de indiciamento e de instauração de inquéritos civil e criminal. Contrariando o relator petista, os tucanos incluíram a presidente Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no rol de investigados por suposto envolvimento no esquema de corrupção da estatal.
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Com exceção do PSDB, PSOL e do DEM, as bancadas foram orientadas a votar à favor do relatório, que foi fortemente criticado pela oposição e pelo PMDB. Eles chamaram o parecer de "fracasso" e concluíram que havia corrupção sistêmica na Petrobras, ponto que foi negado pelo petista no documento final. Também atacaram a tentativa do relatório de "desqualificar" as delações premiadas e disseram que a lei da delação precisa ser "louvada". "O Mensalão e o Petrolão têm o mesmo DNA", afirmou o tucano Bruno Covas (SP), defendendo o voto em separado.
Coube ao deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) sair em defesa do relatório, defender a regulamentação das regras da delação premiada e dizer que o escândalo de corrupção na Petrobras pode ser o maior da história, mas porque desta vez foi investigado. O petista destacou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) admitiu que havia corrupção na estatal durante seu governo.
- Ou ele compactuava com aquela corrupção, ou ele se beneficiava da corrupção, ou protegia alguém - disse. - Isso sim é prevaricar, isso sim é jogar para debaixo do tapete - emendou.
Operação Lava-Jato
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