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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, no plenário da Assembleia Geral da ONU, que a economia brasileira é mais forte que no passado e garantiu que o país superará as atuais dificuldades, em uma defesa enérgica de sua gestão.
- A economia brasileira é hoje mais forte, mais sólida e resistente que há alguns anos. Somos capazes de superar as atuais dificuldades e avançar em nosso caminho rumo ao desenvolvimento - afirmou a presidente, primeira líder mundial a falar no encontro das Nações Unidas em Nova York.
Dilma indicou que o Brasil está em um "momento de transição a outro ciclo de expansão econômica". Além disso, falou sobre a corrupção no país:
- O governo e a sociedade não toleram, nem tolerarão a corrupção. Os brasileiros querem um país no qual a lei seja o limite - declarou.
A presidente também analisou a crise humanitária que migrantes enfrentam na Europa e disse que o Brasil é um país "de acolhimento", afirmando que a economia brasileira está de "braços abertos" para receber refugiados. A presidente destacou que o país recebeu sírios, haitianos e, no passado, vários europeus e asiáticos. A fala de Dilma rendeu aplausos da plateia.
Dilma abriu a Assembleia Geral da ONU na manhã desta segunda-feira
Foto: DON EMMERT/AFP
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A petista defendeu que 2015 é o momento ideal para a reforma da ONU e pediu livre trânsito de pessoas pelo mundo, lembrou a crise dos refugiados na Europa e condenou o Estado Islâmico.
- Em um mundo onde circulam, livremente, mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas - afirmou Dilma.
A presidente começou o seu discurso falando da necessidade de mudanças na ONU para que a instituição reflita o novo equilíbrio de forças da economia mundial, com os países emergentes, por exemplo, ganhando mais peso.
- Temos a esperança de que a reunião que hoje se inicia entre para a história como ponto de inflexão na trajetória das Nações Unidas - disse.
Dilma ressaltou que a ONU teve avanços importantes em seus 70 anos, destacando que o processo de descolonização "apresentou notável evolução", bem como questões para tratar das mudanças climáticas, o fim da pobreza e desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, "temas como desafios urbanos e as questões de gênero e raça ganharam prioridade", disse ela.
Por outro lado, a presidente mencionou que a organização também precisa atuar em relação a outros obstáculos atuais:
- A multiplicação de conflitos regionais, alguns com alto potencial destrutivo, assim como a expansão do terrorismo, que mata homens, mulheres e crianças, destrói o patrimônio da humanidade, expulsa de suas comunidades seculares milhões de pessoas, mostram que a ONU está diante de um grande desafio - analisou.
Dilma defendeu a reforma "abrangente" do Conselho de Segurança, com ampliação de seus membros permanentes e não permanentes. Ao longo do final de semana em Nova York, Dilma tocou no tema e se reuniu com Alemanha, Japão e Índia, que, junto com o Brasil, formam o G-4, grupo criado especialmente para pedir reformas no Conselho.
- Para dar às Nações Unidas a centralidade que lhe corresponde, é fundamental uma reforma abrangente de suas estruturas - observou.
Dilma defende reforma no Conselho de Segurança da ONU
Dilma elogia fala do papa na ONU e deve pedir reforma no Conselho de Segurança
A reforma da ONU, afirmou Dilma, é essencial para criar uma instituição mais forte, que lide com crescentes problemas da economia mundial. Ela mencionou o terrorismo e conflitos armados, que produzem outro problema, os refugiados.
- Não se pode ter complacência com tais atos de barbárie, como aqueles perpetrados pelo Estado Islâmico e outros grupos associados - avaliou, mencionando o menino sírio encontrado morto em uma praia na Turquia e as 71 pessoas asfixiadas em um caminhão na Áustria.
Dilma pediu ainda que não se pode "postergar a criação de Estado Palestino" e elogiou o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, bem como o acordo nuclear com o Irã.
*Zero Hora com informações da AFP e do Estadão Conteúdo