O roubo de carros, um dos crimes mais temidos pela população - por ser mediante violência e com risco à vida - deu um salto de ocorrências em Porto Alegre desde que policiais civis e militares começaram operação-padrão em protesto pelo parcelamento dos salários. Foram 46 casos na segunda-feira e 38 na terça-feira. O número desse tipo de roubo na maior cidade do RS normalmente fica em torno de 25, conforme o Comando de Policiamento da Capital (CPC).
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Carros são matéria-prima para a realização de outros crimes. São usados em assaltos a bancos e a estabelecimentos comerciais, movimentam a receptação, a clonagem e a venda ilegal de peças. Também servem como moeda de troca no tráfico de drogas, por exemplo. Mas o maior temor é por conta da violência: os roubos de veículos são uma das principais causas de latrocínios. Os 84 casos ocorridos nos dois primeiros dias da semana constam de registros oficiais da BM.
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O crescimento dos ataques a veículos coloca em alerta o alto escalão da segurança, que enfrenta a operação-padrão dos subordinados. ZH pediu os dados para a Secretaria da Segurança Pública, que não forneceu, e justificou: "o volume de dados, a complexidade das informações e a necessidade de consolidação das ocorrências policiais, aliadas ainda a sazonalidade do período e a possível subnotificação dos registros, desaconselham análises fracionadas e parciais."
Atingiu nossas famílias, diz policial civil
Nos últimos dias, o policiamento preventivo também foi prejudicado pelo fato de policiais não estarem usando viaturas que não tenham toda a documentação em dia. A orientação do próprio comando da BM é de que só circulem carros regularizados. Ainda assim, a Brigada sustenta que o policiamento no Estado está "dentro da rotina".
Por que a BM ficou com menos viaturas nas ruas?
Na Polícia Civil, a tendência é de agravamento do protesto. Agentes suspenderam sobreaviso nas delegacias, investigações, operações e só realizam serviços com as condições consideradas ideais - com equipamentos, como armas e coletes, em bom estado. Quem precisar fazer registro policial de casos de furtos, danos e perda de documentos não deve ir a delegacias. O registro pode ser feito pela internet.
- Já trabalhávamos sem combustível, sem hora-extra, sem diárias. Mas era o nosso suor. Agora, atingiu nossa família. Não vamos trabalhar sem salário - afirmou Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm-Sindicato, que representa policiais civis.
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Nesta quinta-feira, ocorre assembleia dos oficiais da BM e delegados a fim de definir novas estratégias para pressionar o governo.
Crimes em série no Centro
O Comando de Policiamento da Capital (CPC) confirmou nesta quarta-feira que houve uma ocorrência de furtos generalizados nas proximidades do Camelódromo, no Centro, no final da tarde de segunda-feira.
Conforme o CPC, como o caso foi atendido por alunos-capitães, que não estão integrados no sistema de comunicação dos batalhões, houve desencontro de informações e de registro. Os alunos atuaram na segunda-feira para amenizar a carência de efetivo nas ruas. Houve corre-corre, comerciantes fecharam portas de lojas e três pessoas foram detidas pelos alunos-capitães. Eles estavam com quatro celulares. Foi feito termo circunstanciado e os três foram liberados.
Até ontem, conforme o CPC, não existia nenhuma ocorrência registrada por pessoa que tivesse sido vítima dos furtos. Também não foi gerada no sistema da BM uma ocorrência sobre o fato. Há apenas um boletim de atendimento.