México, Estados Unidos e Canadá devem investigar toda a cadeia do fentanil, desde sua produção até sua venda clandestina aos consumidores americanos, propôs a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, nesta segunda-feira (24).
Questionada sobre as constantes reclamações do presidente americano, Donald Trump, sobre o tráfico dessa droga letal, a presidente disse que as agências de inteligência devem ser usadas para determinar a rota que essa substância segue.
"Tem que haver uma revisão de por onde os precursores entram. Pelos Estados Unidos? Não sabemos. Por que só se diz que entram pelo México e Canadá? Por que não investigar se entram pelos Estados Unidos?", disse a presidente durante sua habitual coletiva de imprensa matinal.
No início de fevereiro, Trump impôs tarifas de 25% sobre todas as exportações para o México e o Canadá, seus parceiros no acordo comercial T-MEC, acusando ambos de permitir que drogas e migrantes sem documentos entrassem em seu território.
No entanto, concordou em adiar por um mês a entrada em vigor desta medida enquanto negocia com ambos os governos. O prazo final é 4 de março.
"Onde está o grande consumo? Nos Estados Unidos. Quem vende fentanil nos Estados Unidos? Quais são os cartéis que vendem fentanil nos Estados Unidos? Onde está a lavagem de dinheiro desses recursos?", perguntou a presidente esquerdista.
O problema do fentanil, associado a dezenas de milhares de mortes por overdose nos Estados Unidos todo ano, esteve presente nas conversas telefônicas entre Trump e Sheinbaum.
Na semana passada, o presidente descreveu sua colega mexicana como "maravilhosa" e disse que seguiria o exemplo de seu governo de realizar campanhas milionárias para alertar sobre o risco de cair na dependência.
Sheinbaum, por sua vez, culpa o tráfico de armas dos Estados Unidos, que alimenta gangues de traficantes e permitiu uma espiral de violência que deixou quase 480.000 mortos e cerca de 110.000 desaparecidos desde 2006, segundo dados oficiais.
Em meio às negociações com Washington, o México intensificou suas operações de combate às drogas e mobilizou cerca de 10.000 soldados em sua fronteira norte.
Em dezembro, o governo relatou uma apreensão recorde de mais de uma tonelada de comprimidos de fentanil, o equivalente a cerca de 20 milhões de doses.
* AFP