O famoso músico e percussionista senegalês Doudou N'diaye Rose, classificado pela Unesco de "tesouro humano vivo", faleceu nesta quarta-feira em Dacar aos 85 anos, informaram à AFP sua família e uma associação senegalesa.
A morte de Doudou N'diaye Rose também foi relatada por vários sites e meios de comunicação locais, que interromperam sua programação para prestar homenagem ao artista.
"Hoje perdemos nosso pai, nosso amigo, um grande homem, Doudou N'diaye Rose", disse à AFP um de seus sobrinhos, o cantor Doudou N'diaye Mbengue.
"Não chegou nem mesmo a ficar acamado. Deus levou ele de nós (nesta quarta-feira de manhã). É uma perda enorme. O velório ocorrerá amanhã (quinta-feira) às 11h00 (GMT, 8h00 no horário de Brasília) em Dacar" acrescentou Mbengue, seu afilhado.
A morte do percussionista também foi relatada à AFP por Aboubacar Demba Cissokho, jornalista, membro da Associação de imprensa cultural do Senegal (APCs) e próximo de sua família.
"Ele sentiu-se mal esta (quarta-feira) de manhã e foi levado para o Hospital Le Dantec", em Dacar, "onde faleceu", explicou Cissokho.
Segundo a imprensa local, Doudou N'diaye Rose apareceu saudável na terça-feira no funeral de outro percussionista senegalês, Vieux Sing Faye, igualmente famoso internacionalmente.
Nascido em 28 de julho de 1930 em Dacar, Doudou N'diaye Rose veio de uma família griô e por muito tempo liderou uma orquestra de dezenas de percussionistas, incluindo vários membros de sua família.
Em 2010, havia dito a um jornalista da AFP ter "quatro mulheres e pelo menos 15 meninas e 15 meninos".
Ele também informou que precisou lutar contra seu pai, um contador, que se rejeitava a ideia de ter um filho músico, e que levou muito "a sério" a sua arte.
"Eu nunca quis tocar cegamente. Procurei os mais velhos para que eles me ensinassem a língua muito específica da percussão: como anunciar que há um incêndio florestal, quando uma cobra morde alguém, que a esposa que acaba de se casar entrou na residência marital e que seu marido é satisfeito com ela", explicou.
Segundo Aboubacar Demba Cissokho, foi classificado "tesouro humano vivo" pela Unesco em 2006, juntamente com seu colega Joseph N'diaye, curador da Casa dos Escravos da Ilha de Gorée (perto de Dacar) já falecido, e Samba Diabaré Samb, famoso cantor e tradicionalista.
* AFP