A Lava-Jato, que atingiu num primeiro momento sobretudo operadores ligados ao PP e ao PMDB, agora acerta em cheio o PT.
A prisão de José Dirceu - a segunda em dois anos - é o segundo abalo que o Partido dos Trabalhadores sofre em três dias.
Dirceu é um fundador e símbolo do PT, mas o fim de semana começou amargo para os petistas porque uma outra pessoa, ligada ao partido e presa pela Lava-Jato, acertou que fará delação premiada. É o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso desde fevereiro em Curitiba.
Embora sem militância ostensiva, Duque foi indicado pelo PT para ocupar aquela diretoria da Petrobras. Ele está denunciado em quatro diferentes processos na Lava-Jato. Num deles é acusado de movimentar cerca de R$ 70 milhões no Exterior. Pelo menos cinco delatores apontam ele como o operator do Partido dos Trabalhadores dentro da estatal petrolífera.
Pois Duque, conforme antecipou Zero Hora na sexta-feira, pretende falar tudo que sabe, em troca da redução nas penas a que está sujeito por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele até já trocou de advogado - a colaboração premiada será intermediada por Marlus Arns. Os outros dois advogados que representavam Duque, Alexandre Lopes e Renato de Moraes, foram dispensados por não concordarem com o método da delação.
A PF sempre trabalhou com a hipótese de que Duque foi indicado por Zé Dirceu para o cargo. Na realidade a indicação seria de Fernando Moura, um lobista que tinha relações com a JD Consultoria, a empresa que Dirceu e seu irmão montaram após o ministro deixar de lado o governo e a política parlamentar.
Meses atrás a PF prendeu João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Pois agora os investigadores da Lava-Jato dizem que parte do dinheiro arrecadado por ele veio de esquemas controlados por José Dirceu.
Pesa também contra o ex-ministro Dirceu o fato de as principais empreiteiras investigadas na Lava-Jato terem feito repasses de dinheiro à sua firma, a JD Consultoria. Veja os valores pagos entre 2006 e 2013 e que o lobista e delator Milton Pascowitch diz serem, em parte, pagamento de propina:
OAS: R$ 2.991.150
Engevix: R$ 1.285.000
UTC: R$ 2.316.000
Camargo Corrêa: R$ 1.110.000
Egesa: R$ 820.000
Galvão Engenharia: R$ 750.000
Total: R$ 9.272.150
Dirceu afirma que todos os pagamentos foram por consultorias realmente prestadas e informadas à Receita Federal. Além das empresas investigadas pela Lava-Jato, o ex-ministro tinha como clientes outros big-shots do empresariado nacional. A JD teria faturado mais de R$ 70 milhões em menos de uma década.
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