O Zimbábue exigiu nesta sexta-feira a extradição do caçador norte-americano que matou, no início de julho, o leão Cecil, estrela da reserva natural de Hwange.
Cecil, macho dominante do parque, era conhecido pela incomum juba preta e era objeto de pesquisa científica sobre a longevidade dos leões da universidade britânica de Oxford, que equipou o bicho com uma coleira.
O dentista norte-americano Walter Palmer, que matou o leão mais famoso do Zimbábue, disse que foi enganado por seus guias locais e que acreditava estar caçando dentro da lei.
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- Pedimos às autoridades competentes sua extradição ao Zimbábue, para que possa ser julgado pelas infrações que cometeu - declarou a ministra do Meio Ambiente do Zimbábue, Oppah Muchinguri.
A ministra lamentou que Palmer não tenha podido ser detido em território zimbabuano, pois quando o escândalo veio à tona, o americano "já havia tomado o rumo de seu país natal".
No entanto, é pouco provável que a ação seja bem-sucedida.
Embora exista um tratado de extradição entre os dois países, o porta-voz adjunto do departamento de Estado norte-americano, Mark Toner, explicou que a demanda deveria ser apresentada diante de um tribunal nos Estados Unidos.
- É o secretário de Estado que toma a decisão final de extraditar ou não uma pessoa - informou Toner, que disse que é levado em conta "a questão humanitária e a possibilidade da pessoa ter um julgamento justo".
A ministra chegou a acusar o caçador norte-americano de querer "danificar a imagem do Zimbábue e deteriorar ainda mais a relação entre o país e os Estados Unidos".
Lei CECIL
O caçador profissional Theo Bronkhorst afirmou nesta sexta-feira à AFP que não fez nada de errado ao acompanhar o americano Walter Palmer durante a caçada que acabou na morte do leão Cecil, símbolo do Zimbábue.
- Não acho que faltei com nenhum de meus deveres. Fui contratado por um cliente para organizar uma caçada para ele e disparamos contra um leão macho velho, que, para mim, superou sua idade reprodutiva, e acho que não fiz nada de ruim - declarou.
O tribunal de Hwange, competente para julgar o caso, apresentou acusações contra o operador do safári de caça Theo Bronkhorts, que antes era conhecido por sua profissionalidade.
Bronkhorts foi acusado por "não ter impedido uma caça ilegal" e foi colocado em liberdade vigiada antes do início do julgamento, em 5 de agosto.
Honest Ndlovu, o proprietário da fazenda onde o leão foi caçado, provavelmente será acusado na próxima semana.
O caçador americano, alvo dos militantes da causa animal em seu país, defendeu sua boa fé e manifestou seu arrependimento em um comunicado divulgado na terça-feira, sem dar sua versão dos fatos.
Segundo uma ONG do Zimbábue, o leão teria sido atraído para fora da reserva de Hwange, depois caçado, ferido com uma flecha e finalmente morto após ficar 40 horas encurralado.
Nos Estados Unidos, o senador Robert Menéndez não demorou a reagir. O democrata apresentou nesta sexta-feira um projeto de lei que proibiria o tipo de caça que resultou na morte de Cecil.
O texto, denominado CECIL (siglas em inglês de "Conservar os Ecossistemas Cessando a Importação de Animais") ampliaria as restrições à importação e exportação de espécies em perigo, uma lei que data de 1973.
A extensão da norma incluiria os animais que, embora não estejam catalogados como ameaçados, tenham aparecido em propostas de classificação de risco.
* AFP