Leoclides Augustin, 53 anos, e a esposa Ignes Oliveira, 58, estavam aproveitando a bela paisagem numa ilha banhada pelo Rio Papagaio, entre os municípios mato-grossenses de Sapezal e Campo Novo do Parecis, quando foram surpreendidos por uma guarnição da polícia, na última quarta.
- Achamos que alguém tinha morrido ou algo assim, mas nos avisaram que nós estávamos sendo procurados. A gente entrou em pânico - contou Augustin, por telefone, ao Pioneiro.
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Ele a esposa estão agora em Tangará da Serra, também no Mato Grosso, dando um tempo na viagem de aventura a bordo de um trailer que já dura dois anos e meio. A última "aventura" protagonizada pelo casal, no entanto, não vai deixar saudade. Foram 17 dias de isolamento na ilha, o que deixou familiares e amigos em pânico. O último contato feito por Augustin com um irmão, que mora em Caxias, foi no dia 5 de julho, por mensagem. Buscas foram organizadas após as delegacias dos municípios de Brasnorte e Sapezal terem sido acionadas.
- Assumimos toda a responsabilidade nesse caso. Avisamos que íamos a um lugar que não tinha sinal, mas devíamos ter dado um jeito de entrar em contato. Não sabíamos ao certo quanto tempo iríamos ficar, mas o lugar era lindo e fizemos muitas amizades lá. Ficamos tristes ao saber que muita gente passou dor por nossa causa - revela o dono de uma fábrica de móveis em Gramado que largou tudo para viver uma rotina mais simples ao lado da esposa.
Augustin explica que teria de andar cerca de 240 quilômetros para conseguir chegar ao local mais próximo com sinal para telefone.
- Poderíamos ter procurado algumas fazendas mais próximas, mas elas estão sempre com as porteiras chaveadas - justifica.
O casal não fazia ideia da dimensão que o "sumiço" havia tomado. Quando conseguiram acessar os e-mails e redes sociais, Augustin e Ignes puderam conferir as inúmeras mensagens de pessoas que torciam para que eles estivessem bem. Logo que saíram do pesqueiro onde foram encontrados pela polícia do Mato Grosso, os dois foram imediatamente reconhecidos na frente de um mercado.
- O gerente veio falar conosco, as pessoas paravam nos reconhecendo. Olha, rodeou de gente. Tinha hora que a gente ria, outra hora chorava - relata Augustin, pai de dois adolescentes, um morador de Canela e outro de Gramado.
O casal pretende ficar parado até a metade de agosto, quando deve seguir viagem novamente. Juntos há 12 anos, os dois resolveram largar tudo para viajar pelo Brasil há dois anos e meio. Para eles, viajar é um remédio que cura tudo.
- Aprendi que dinheiro é importante, mas é tipo uma lavoura, e vai criando bicho ao redor para poder comer dessa lavoura. A gente só trabalhava, estávamos morrendo aos pouquinhos. Esse sonho de viajar cura tudo, doença, tristeza - ensina.
Claro que daqui para frente, Augustin terá mais cuidado para não ficar sem contatar os familiares de Caxias por tanto tempo:
- Quero agradecer todo mundo que ajudou e colaborou e pedir mais uma vez desculpas para os nossos familiares. Causar toda essa preocupação não era o que queríamos.