Relatos sobre a morte do mulá Mohammed Omar, que, além de aliado e protetor, seria também sogro de Osama bin Laden (o líder da Al-Qaeda teria casado com uma das filhas do líder talibã), proliferaram depois da morte do saudita em 1º de maio de 2011. A confirmação de sua presença em Quetta é embaraçosa para o Paquistão, sob cuja proteção o mulá certamente vivia.
Nos obituários, Omar será associado ao terror. É uma meia-verdade. Não havia afegãos nem talibãs entre os 19 sequestradores do 11 de Setembro (15 deles, no entanto, eram sauditas). Nenhum Estado apoiou mais a Al-Qaeda do que o Paquistão, onde o grupo foi fundado, em 1988, e onde morreu seu criador 23 anos depois - e nenhum recebeu mais ajuda militar americana no contexto da "guerra ao terror" depois da queda das Torres Gêmeas.
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E o diagnóstico feito em 1997 por um diplomata americano não deixa dúvidas sobre como o Talibã era visto em Washington. "O Talibã vai provavelmente se desenvolver como os sauditas. Haverá Aramco (concessionária americana do petróleo saudita), oleodutos, um emir, nenhum parlamento e muita sharia (lei islâmica). Nós podemos viver com isso". Com exceção dos dois primeiros ingredientes, o Talibã foi mais do que generoso na entrega dos itens da lista.
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Omar era cria do serviço secreto militar paquistanês, a Diretoria de Serviços Interagências (ISI, em inglês). Financeiramente, estava na folha de pagamento dos sauditas até dar abrigo a Bin Laden. A certa altura, fugiu do controle. Em Quetta, morreu no berço.
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Luiz Antônio Araujo: criatura incontrolável
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Luiz Antônio Araujo
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