![CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/17522411.jpg?w=700)
A bandeira cubana foi hasteada nesta segunda-feira na nova embaixada da ilha em Washington, no mais recente gesto simbólico do restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países vizinhos, inimigos durante décadas.
Três militares marcharam pela porta da embaixada e hastearam a bandeira cubana - vermelha, branca e azul com uma estrela solitária - às 10h36min locais (11h36min de Brasília), enquanto manifestantes gritavam "Viva Cuba" e "Cuba sim, embargo não".
Sob um calor sufocante, 500 convidados e uma pequena multidão de curiosos acompanharam a cerimônia no edifício que desde o início do século XX representa os interesses cubanos.
O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, viajou especialmente de Havana para presidir a cerimônia de reabertura da embaixada em Washington, acompanhado por uma delegação de políticos e artistas.
Durante a tarde, Rodríguez manterá uma reunião com o secretário de Estado, John Kerry, e em seguida os dois diplomatas participarão de uma coletiva de imprensa conjunta.
O governo americano esteve representado por Roberta Jacobson, subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, e pelo diplomata Jeffrey deLaurentis, até agora chefe do Setor de Interesses dos Estados Unidos em Havana e a partir de hoje o encarregado de negócios da embaixada.
Enquanto isso, em Havana até o momento não há previsão de nenhuma cerimônia para marcar a reabertura da embaixada, declarou na sexta-feira um funcionário de alto escalão do departamento de Estado, já que esta chancelaria prefere esperar uma viagem do próprio Kerry para hastear a bandeira americana.
Desde os anúncios de reaproximação, os dois países destacaram que as divergências certamente não vão desaparecer em um passe de mágica, mas ter embaixadas operando permitirá negociar estas divergências e encontrar uma saída aos problemas acumulados.
O levantamento do embargo americano, a devolução da base naval de Guantánamo e a solução às demandas recíprocas de compensação são alguns destes temas.
O restabelecimento oficial das relações diplomáticas entre os dois países, após mais de meio século de tensões herdadas da Guerra Fria, marca o fim da primeira fase desse processo iniciado a 17 de dezembro de 2014. O presidente cubano, Raúl Castro, insiste em só normalizar as relações quando o presidente norte-americano, Barack Obama, utilizar os seus "poderes executivos" para pôr fim ao embargo imposto à ilha em 1962.
Estados Unidos anunciam aproximação histórica de Cuba
Leonardo Padura: "Aproximação com os EUA vai mudar a sociedade cubana"
Além disso, o chefe de Estado cubano exige também que os Estados Unidos devolvam o território "ilegalmente ocupado" da base naval de Guantanamo.
Outra das exigências de Havana para a normalização de relações com Washington é que acabe com as "transmissões de rádio e televisão ilegais", elimine programas para promover a "subversão e a desestabilização internas" e compense o país "pelos danos humanos e económicos" que as políticas norte-americanas causaram.
"Podemos cooperar e coexistir civilizadamente, em benefício mútuo, acima das diferenças que temos e teremos, e com isso contribuir para a paz, a segurança, a estabilidade, o desenvolvimento e a equidade no nosso continente e no mundo", disse Raul Castro num discurso na Assembleia Nacional de Cuba.
As relações diplomáticas entre os dois países estavam suspensas desde 1961, após uma decisão do presidente norte-americano John F. Kennedy, em resposta a uma aproximação dos revolucionários cubanos à ex-União Soviética e ao confisco de bens norte-americanos.
Desde 1977, os dois países, separados apenas pelo estreito da Florida (sudeste dos Estados Unidos), estão representados apenas através de seções de interesses em Washington e Havana, encarregadas de tarefas consulares.
A reabertura de embaixadas segue-se ao anúncio histórico, em dezembro, de uma reaproximação entre estes dois países, após mais de cinco décadas de hostilidade e desconfiança. No final de maio, Washington levantou o principal obstáculo ao reatamento de relações diplomáticas ao retirar Cuba da lista negra norte-americana de Estados que apoiam o terrorismo.
Leia as últimas notícias de mundo
*Zero Hora, com agências