Não é à toa que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) incorporou ao nome a referência ao cenário de uma das grandes batalhas da II Guerra. Quando o tratado foi firmado, em 1949, a maioria dos observadores acreditava num iminente conflito entre Estados Unidos e União Soviética. Tratava-se de reivindicar, para Washington e seus aliados, a hegemonia sobre o Atlântico, que incluía a Europa Ocidental.
Agora que o guarda-chuva da Otan passou a abrigar Polônia, Hungria, Bulgária e Eslovênia, além dos países bálticos, a ideia de uma "Aliança Atlântica" (o outro nome da Otan) tornou-se ridícula. Todos os países que um dia fizeram parte da anti-Otan - o Pacto de Varsóvia, encabeçado pela antiga URSS - tornaram-se "atlânticos".
As únicas exceções são a Ucrânia - onde a adesão ao clube foi barrada pela inconformidade dos ucranianos - e a pequenina Belarus, que tenta se unir à Rússia. Tudo isso torna previsível a retórica belicosa do presidente russo, Vladimir Putin.
Luminares da política externa americana como Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski desaconselhavam a expansão exagerada da Otan. Preferiam ver a Rússia como parceiro, não como outsider. Ideólogos da Guerra Fria, não acreditavam na provocação como método para lidar com o urso. É tarde para dar-lhes razão.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: muito além do Atlântico
Leia a coluna Olhar Global desta quarta-feira em ZH
Luiz Antônio Araujo
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