Referência em suas comunidades, por dar voz aos problemas dos moradores e também ao que acontece de bom, muitos líderes comunitários estão ampliando suas ações nas redes sociais.
O Facebook está repleto de perfis de associações comunitárias, com denúncias sobre mau atendimento em postos de saúde, resultado de reuniões com agentes públicos, o trabalho de oficinas oferecidas gratuitamente e tudo mais que interesse à população.
Luciano Soares Cardoso, da Cruzeiro, Francisco Almeida, da Restinga, e Cleusi Coelho, do Rubem Berta, são alguns dos líderes que fazem este serviço. Eles usam a rede social para contar o que acontece com os moradores e buscar soluções, quando é o caso. Conheça o trabalho deles.
"Tem muitos Franciscos circulando por aí"
Francisco Almeida não é o nome dele, mas o líder comunitário da Restinga que não revela sua identidade por fazer denúncias contra a bandidagem, é sucesso no Facebook, com mais de 18 mil curtidas. Lá, tem de tudo: relatos de casos de violência, foto de cão perdido, mensagem de autoajuda e até anúncio comercial _ o dinheiro vai para ações beneficentes.
Ele divide a responsabilidade pela página com outras pessoas do bairro, que conta com 60 mil habitantes, e criou o perfil porque acredita que os jornais "não divulgavam tudo".
- Criei um vínculo de confiança com a comunidade, e todo mundo me passa informações, que eu trato de repassar para a polícia quando é o caso. Tem muitos Franciscos circulando por aí - diz ele, que conta ter 35 mil acessos por dia.
Contraponto à violência que ganha destaque
Luciano passa o dia na rede em contato com os moradores - Foto: Diego Vara
O serviço dobrou desde que o líder comunitário Luciano Soares Cardoso,
43 anos, da Associação dos Moradores e Amigos da Vila Tronco 2 (Amavtron), criou um perfil da entidade.
Sem reclamar, ele contabiliza sucessos. Entre os marcantes, está o caso de um menino que fugiu de casa. A história foi contada, teve 500 compartilhamentos, e o guri apareceu. Ele destaca que a intenção ao usar a rede social é mudar a visão das pessoas de fora e de dentro do bairro, que tem 65.408 habitantes e é conhecido como um dos mais violentos da Capital, com ações afirmativas.
- Mostro muitos projetos da Amavtron, como o trabalho da nossa padaria e das oficinas. Este perfil é um contraponto à violência que sempre é colocada sobre a Cruzeiro - destaca.
Ele passa o dia na rede e recebe várias informações, como falta de luz e lixo nas ruas.
- Os moradores reclamam ali, e nós damos o encaminhamento porque já temos algumas parcerias.
O ponto de vista dos moradores
Cleusi gosta de interagir com os moradores - Foto: Félix Zucco
Presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Habitacional Rubem Berta, a Amorb, Cleusi Coelho, 58 anos, criou o perfil há quase três anos, com a intenção de "melhorar a região", que tem mais de 100 mil habitantes.
- É uma porta aberta para a comunidade, todos compartilham histórias ali -
define Cleusi.
Tudo que acontece na associação, como reuniões para buscar melhorias e oficinas, vira notícia no Face.
O líder comunitário destaca a importância de "mostrar a realidade a partir do olhar de quem mora no local".
- As pessoas reclamam muito que não veem notícias boas nos jornais e querem mostrar o ponto de vista delas. O Face está aí para isso. Usamos ele para tentar gerar uma mudança na realidade dos moradores do bairro. Ali, tem histórias que não seriam contadas em outros lugares, e as pessoas se sentem importantes por isso.
Do lado de lá
A PoaDigital, plataforma de comunicação digital da prefeitura da Capital, está de olho no que Luciano, Cleusi, Francisco e outros tantos líderes comunitários da Capital postam na rede. Coordenador do PoaDigital, Thiago Ribeiro explica que a equipe monitora e acompanha este trabalho para identificar problemas na cidade e também auxiliar a dar o encaminhamento para as solicitações que aparecem ali.
Importante mesmo
Pesquisadora da pós-graduação da Faculdade de Comunicação da Puc-RS, Beatriz Dornelles salienta a importância do trabalho deste líderes para aumentar a autoestima dos moradores.
- Eles percebem que coisas boas acontecem na sua comunidade, e são histórias que não seriam contadas em outros lugares. Isso faz com que se sintam importantes.