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A presidente Dilma Rousseff anunciou, nesta terça-feira, ao lado do presidente norte-americano Barack Obama, a inclusão de cidadãos brasileiros no programa Global Entry, que facilita a entrada de quem viaja com frequência aos Estados Unidos. O anúncio foi feito durante declaração conjunta à imprensa, após reunião de trabalho entre os dois presidentes.
No Global Entry, o viajante não precisa enfrentar filas de imigração, apenas passa o passaporte em leitor eletrônico ao desembarcar nos EUA. A medida deverá beneficiar viajantes frequentes, sem validade para turistas eventuais.
Dilma também destacou a assinatura de um acordo previdenciário que vai beneficiar a comunidade brasileira que vive nos Estados Unidos.
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O Brasil prometeu restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de floresta até 2030 e adotar políticas para eliminar o desmatamento ilegal. O Brasil possui atualmente 7,1 milhões de hectares de florestas plantadas. Dilma confirmou a meta de desmatamento zero no país até 2030.
Os dois países se comprometerem a elevar a 20% a participação de fontes renováveis em sua matriz energética - sem considerar hidrelétricas. O porcentual de energias renováveis na matriz energética americana é de 12,9%.
Apesar de ambicioso, o documento não traz metas específicas de redução de emissões por parte do Brasil, algo que os americanos gostariam de ver. Mas as iniciativas terão o efeito de diminuir o impactos das emissões, na medida em que elevam a captura de carbono na atmosfera.
"Os presidentes reiteraram o chamado por um resultado exitoso na Conferência de Paris sobre Mudança do Clima, no fim do ano", diz a declaração.
A reunião também tem o objetivo de evitar que a temperatura do planeta suba mais do que 2ºC.
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Acordo bilateral
Os dois presidentes comprometeram-se em aprimorar esforços para ampliar o comércio e o investimento, bem como aumentar a competitividade e a diversidade das duas economias. O compromisso aparece em comunicado conjunto dos dois presidentes, divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores e confirmado por ambos durante pronunciamento na Casa Branca.
Segundo o comunicado, os líderes ressaltaram o momento de aceleração da economia norte-americana, principal destino das exportações brasileiras de produtos manufaturados, e os fortes vínculos que unem os dois países, "oferecendo importantes oportunidades para ampliação das correntes bilaterais de comércio e de investimento".
Segundo o documento, os presidentes ressaltaram os recentes avanços nas áreas de facilitação de comércio e avaliação de conformidade e destacaram a importância de compartilhamento de melhores práticas público-privadas para o avanço do comércio.
Ao lado da presidente Dilma, em entrevista coletiva em Washington, Obama afirmou que os dois países são "parceiros naturais".
- Há muito mais que Brasil e EUA podem fazer juntos. Como duas das maiores democracias do mundo, conhecemos as injustiças da pobreza e da desigualdade - disse o presidente norte-americano, destacando que ambos os países são grandes democracias e que as diferenças sociais podem ser reduzidas quando há investimentos nas pessoas.
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Segundo ele, desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, as exportações do país para o Brasil aumentaram mais de 50%, com o comércio entre os países passando de US$ 1 bilhão por ano.
Também foi reforçado o compromisso dos dois países com a ampliação das oportunidades de investimento em obras de infraestrutura nos dois países. A presidente Dilma lembrou o lançamento do novo pacote de concessões para investimento no setor de infraestrutura no Brasil, o que abre oportunidades de US$ 64 bilhões para empresas norte-americanas ao longo de vários anos.
Petrobras
Dilma Rousseff afirmou que vai aguardar a apuração dos escândalos de corrupção na Petrobras para avaliar se demite ou não os ministros-chefes da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva. Em sua fala, Dilma criticou o que chamou de "vazamento seletivo" dos autos dos processos de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público e defendeu o direito de defesa dos envolvidos no caso.
- Nunca demiti ou nomeei ministros pela imprensa. Vou aguardar toda a apuração dos fatos para avaliar a situação - respondeu Dilma, ao ser questionada se vai demitir Mercadante e Edinho.
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Os ministros foram acusados pelo presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, em delação premiada, de terem recebido da empreiteira doações ilegais para as campanhas eleitorais de Mercadante ao Governo de São Paulo, em 2010, e de Dilma, em 2014, da qual Edinho foi tesoureiro.
A presidente defendeu que é necessário que todos tenham acesso aos autos dos processos de investigação, para que os acusados possam se defender.
O presidente dos Estados Unidos evitou tecer comentários acerca das investigações de atos de corrupção na Petrobras. Durante coletiva de imprensa na Casa Branca, ao lado de Dilma, ele afirmou que normalmente não comenta casos que ainda estão sendo investigados, pois nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça trabalha para a Presidência.
- Portanto, não me cabe fazer comentários específicos - disse.
Espionagem
Durante a entrevista coletiva conjunta na Casa Branca, a presidente Dilma deu por encerrado o escândalo de 2013 envolvendo a espionagem americana, e assegurou que acredita nas garantias que o presidente Barack Obama deu a a respeito das mudanças em sua política de segurança.
- Eu acredito no presidente Obama. Ele me disse que, quando precisar de alguma informação sobre o Brasil, vai telefonar para mim. Tenho certeza de que as condições passaram a ser diferentes agora - afirmou.
Obama recebe presente de Dilma
Em tom amigável, Obama comentou que ganhou uma camisa verde e amarela da presidente Dilma, mas disse que não poderá usá-la em público porque precisa defender os EUA. Em tom de brincadeira, a brasileira respondeu, torcendo para que o norte-americano reveja seu posicionamento e utilize o presente durante a Olimpíada do Rio, em agosto de 2016.
- Você será muito aplaudido - previu.
A presidente Dilma Rousseff chegou à Casa Branca por volta das 11h30min, para a reunião de trabalho com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Ela foi recebida no Salão Oval. Uma hora e meia depois, ela fez um pronunciamento conjunto com o presidente americano.
*Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo