No ano passado, 3,4 mil migrantes morreram na travessia do Mediterrâneo enquanto tentavam chegar à costa europeia. De janeiro a abril deste ano, essa mesma cifra já supera os 1,7 mil mortos. Desses, pelo menos 1,2 mil afundaram na segunda metade do mês passado.
Na edição de 25 de abril, a revista britânica The Economist disse que os refugiados são os "boat people" da Europa. Era uma referência aos vietnamitas que deixaram o país em botes improvisados a partir da metade dos anos 1970 para escapar da fome e da guerra. Estima-se que 1 milhão de pessoas escolheram o caminho do exílio pela via marítima - ou se tornaram presas de tubarões e contrabandistas - entre 1975 e 1995.
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Desta vez, a catástrofe pode se tornar ainda pior. A ONU calcula que mais de 40 mil travessias já tenham sido empreendidas desde o início da atual crise. Os líderes europeus têm denunciado traficantes e contrabandistas que disponibilizam embarcações para essa maré humana como "mercadores de escravos".
Dez imigrantes morrem e mais de 6,3 mil são resgatados no Mediterrâneo
Essa definição silencia sobre o papel das potências europeias, especialmente das que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no atual estado de coisas. O bombardeio da Otan na Líbia, as intervenções francesas no Mali, no Níger e na República Centro-africana e o apoio ao regime neomubarakista de Abdel Fatah al-Sisi no Egito são fatores poderosos em favor da fuga da África.
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